segunda-feira, 25 de agosto de 2008

1 + 1 = 5

Com um pedaço de criatividade, qualquer pessoa se pode tornar num avião, um carro, um polícia, um peixe. Mas com vários pedaços de outras coisas como o afecto, esse sentimento dourado e quente que nos aconchega à noite, acabamos por ser muito melhores do que pensávamos ser.
Há que levantar o queixo e, tal e qual a plasticina, moldar os nossos sentimentos, numa massa de felicidade, apenas partilhada com aqueles de quem gostamos.
Podemos ser o tal avião, o carro, o polícia, o peixe, mas somos isso tudo sob o olhar atento daquela pessoa de quem respeitamos. Tal é a mente da criança lançada a um mar à descoberta.
Nunca podemos perder esses dons, esses pedacinhos de criatividade, pois sem eles não se criavam tantas coisas que vemos hoje em dia.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

"Apaguem a parte lógica do vosso cérebro, a que diz que um mais um são dois. Abram a mente à possibilidade de que um mais um possa ser quarenta e oito, um Mercedes Benz, uma tarte de maçã, um cavalo azul."

Por Natalie Goldberg

Dualidades

Colorido
O mar para um poeta transcende o real. Uma árvore é para ele uma floresta. Uma bandeira, uma nação. Uma viagem, simplesmente a descoberta.
Ser poeta é pensar em grande, transpor todas e quaisquer barreiras da lógica. Todo um oceano de palavras está ao alcance deste feliz empregado da língua. Com a coragem de um leão ele habilidosamente cria belas linhas para todo o mundo contemplar mas que poucos vêm.

Sem Cor
Sentado no sopé do seu pedestal, Bocage espanta-se com o degredo em que a sua nação se tornou. O famoso escritor, agora como que uma figura sólida e imóvel à saída do metro, tem os olhos postos numa janela onde uma senhora reza o terço dentro do seu quarto. Virão tempos melhores?
Este espelho ao seu lado, reflecte-nos a nós ou aquilo que gostávamos de ser? Onde está a verdade?

Céu

Escrevi a palavra céu e de um azul efémure me lembrei. Longe vão os tempos em que abria as asas e deslizava por entre nuvens, sem qualquer preocupação, seguindo os traços do horizonte longínquo.
Voava sozinho ou acompanhado. Por vezes até voava em temporais, chuva, granizo, vendavais.
Os ossos do ofício já me começam a sobrecarregar por dentro destas débeis asas cinzentas. Aqui medito no meu poleiro pensando da vida: tempos de glória, tempos difíceis, dos quais tenho boas recordações e as guardo com carinho. Posso não ser grande mas a nostalgia é enorme. Sou um velho pombo correio em devaneio.