tag:blogger.com,1999:blog-91842099481059416692024-03-05T04:27:49.541-08:00Rato, Papel e CanetaAndré Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.comBlogger38125tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-1744302659841770092013-03-11T04:54:00.000-07:002013-03-11T04:55:39.559-07:00Crítica: Os Irmãos Karamazov<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-F17xyd1PSmo/UT3FshQhwBI/AAAAAAAAApM/a2ITLMuJnLI/s1600/karamazov+brothers.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-F17xyd1PSmo/UT3FshQhwBI/AAAAAAAAApM/a2ITLMuJnLI/s400/karamazov+brothers.jpg" width="250" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<span style="text-align: justify;">“Os Irmãos Kamarazov” é o último
livro escrito por Fyodor Dostoevski antes da sua morte. Por muitos considerado
como a sua obra-prima, é um livro denso de 800 páginas onde, se não estivermos
atentos, podemos perder-nos entre as várias personagens e as redes que as
ligam.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A história centra-se em Fyodor
Karamazov, um homem de 50 anos, e nos seus três filhos fruto de dois
casamentos: Dmitri, Ivan e Alexei. A verdadeira acção começa a meio da obra,
quando se descobre que Fyodor é assassinado e as suspeitas recaem por um dos
seus filhos. Em jogo está a herança dele. O próprio Fyodor não sai
"ileso" de culpa por ter ignorado quase por completo a presença deles
ao longo dos anos, que agora regressam à sua vida. A situação torna-se ainda
mais frágil quando entram elementos femininos na equação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Neste livro, Dostoevski
esforça-se por esmiuçar por completo todas as personagens. A história avança,
com capítulos inteiros dedicados a cada uma das mais marcantes. Há que elogiar
o trabalho psicológico trabalhado nelas pelo autor se bem que, por vezes, o
leitor poderá perder o sentido de quem é quem numa obra tão densa. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A parte mais interessante surge
quando o manto se levanta e encontramo-nos no tribunal onde o condenado é
julgado por todas as frentes. É de sublinhar o trabalho do autor em conseguir
criar argumentos e teias plausíveis tanto contra como em defesa do réu. O
leitor é, de certa maneira, recompensado depois de ter lido tantas páginas ao
serem apresentados pormenores por si já esquecidos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Doetoevski aproveita a obra para
lançar fortes críticas a temas da actualidade. Entre eles destaco a religião
católica, representada em parte por Alexei, o monge, e a própria relação da
Rússia com a Europa e o resto do mundo, analisada por um dos advogados na
sessão do tribunal. O que é ser russo? O que é ser europeu? O que é ser por si
só? Isto são questões que o autor procura despertar no leitor. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Densa”, é o adjectivo que
associo a esta obra. "Os Irmãos Karamazov" é um livro grande, talvez
demasiado grande. Apesar de tudo, creio que não funcionaria se não o fosse. O
livro encerra numa lição de moral que todos devíamos seguir nas nossas vidas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Autor: <b>Fyodor Dostoevski</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ano: <b>1879</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Páginas: <b>700/800</b> (varia com a edição)</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Editora: <b>Wordsworth Classics </b>(edição inglesa)</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-36797575601952502732012-11-25T14:29:00.001-08:002012-11-25T14:44:18.943-08:00Fórum Fantástico 2012: Mergulhar na ficção<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-zRTrzjCUXx0/ULKboLlwuQI/AAAAAAAAAm0/DsJMajMLA3E/s1600/ff20123.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="http://1.bp.blogspot.com/-zRTrzjCUXx0/ULKboLlwuQI/AAAAAAAAAm0/DsJMajMLA3E/s400/ff20123.jpg" width="282" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Neste fim-de-semana, de 23 a 25
de Novembro, a Biblioteca Orlando Ribeiro em Telheiras abriu as portas à sétima
edição do Fórum Fantástico. Este é um evento em expansão que procura dinamizar
o culto da literatura de ficção e o imaginário dos leitores. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O Fórum de este ano teve uma
programação diversificada com <i>workshops </i>de
Escrita Criativa Fantástica e visualizações de curtas-metragens para além das
palestras e debates habituais com escritores do género e aspirantes a sê-lo. Paralelamente
ao evento, estava a decorrer exposição temática e uma loja de livros e jogos
temáticos. Só pude assistir às sessões da tarde de dia 24, que irei partilhar
convosco.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A tarde de sábado foi dedicada ao
lançamento de não uma mas três revistas do género: a Trëma, a Lusitânia e o
Almanaque Steampunk. No caso das duas primeiras, ambas procuram divulgar o
género fantástico em Portugal exclusivamente através da publicação de contos.
Funcionam como um veículo onde qualquer um pode fazer parte da comunidade
enviando uma história que, depois de um processo de selecção, poderá ser
publicada na revista.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na apresentação da Trëma, de Rogério
Ribeiro, apercebi-me imediatamente da heterogeneidade dos autores; pessoas, de
idades, géneros e percursos diferentes; que habitam nas páginas da edição. Entre
os autores estavam presentes uma rapariga jovem, uma mãe que se aventurava
nessas andanças e ainda um homem nos seus cinquenta anos com ligações à
Engenharia Electrotécnica. Este último contou brevemente a sua história sobre
um homem que surfava pelo espaço, com fundamentos científicos por detrás da
narrativa. Em comum a todos eles estava a paixão pelo fantástico e
defenderam-no orgulhosamente com algum humor à mistura.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em seguida surgiu a Lusitânia pelo comando de Carlos Silva e da sua equipa. A apresentação desta jovem revista
foi dinâmica, onde os editores procuraram explicar a lacuna de algo do género
em Portugal. Trata-se de uma revista que valoriza histórias assombrosas com
origens na História e locais do nosso país. É, portanto, uma revista que
claramente homenageia a marca nacional acabando por ter, indirectamente, também
uma componente didáctica. Essencialmente procuram-se lobisomens, bruxas,
espíritos e extraterrestres com sangue luso. Os editores demonstraram prazer
pelo projecto e prometeram dar seguimento à revista, afirmando que só o
poderiam fazer com a contribuição de quem estava do outro lado, a quem
apelaram.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por fim, em palco apresentou-se a
equipa Clockwork Portugal, criadores do Almanaque SteamPunk. Na mesa, a <i>designer</i> Joana Maltez e o seu grupo lançaram
algumas linhas acerca do que é o culto SteamPunk, algo que ainda está a emergir
em Portugal, assim como o evento EuroSteam Con que ocorreu no final de Setembro
no Porto. Resumindo, o <i>steampunk</i> é um
movimento que se baseia nas vestes do período vitoriano e nas máquinas e
engrenagens da revolução industrial do início do século XX. O <i>steampunk</i> transcende o aspecto visual,
uma vez que, segundo a Clockwork Portugal, “é um fenómeno que valoriza a
ligação entre a humanidade, a ciência e a evolução das sociedades”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi precisamente esse interesse
pelo tema que fez com que um grupo de pessoas se juntasse e a criasse a comunidade
Clockwork em Portugal, algo que já existia no Brasil. O EuroSteam Con foi um
evento que surgiu desse mesmo suor e, passado algum tempo, serviu não só para divulgar
o culto mas também para servir como portal para fomentar a ficção literária. Das
mãos da Clockwork surgiu o Almanaque Steampunk, na sua primeira edição, que em
termos de aspecto lembra-nos as revistas de divulgação geral de outros tempos
ou mesmo as clássicas Borda d’Água. Tal como as outras revistas, o Almanaque
está aberto aos textos de qualquer um e procura encher as suas páginas não só
com contos mas também com crónicas, artigos, entrevistas e jogos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Decorridas as sessões de lançamento,
as pessoas apressaram-se a sair e colocar a conversa em dia para além de
adquirir os primeiros exemplares das obras. Jovens escritores, editores ou
mesmo fãs juntaram-se para trocar ideias e contarem as suas inspirações e
prazeres na escrita. Na verdade, os três grupos das revistas já se conheciam e,
apesar de terem projectos diferentes, não perdem uma oportunidade para debater
os temas de que tanto gostam. Mais do que um evento literário por si só, o
Fórum é um evento onde se desenvolvem amizades e inspirações para as veias
criativas de todos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Antes de sair, ainda pude assistir
a uma palestra sobre mitos e fantasmas na ficção nacional e à exibição de “Conto
do Vento”, a curta-metragem premiada de Cláudio Jordão e Nélson Martins, que
brilhou pela ligação entre o elemento visual e a narrativa. Falou-se também nas
dificuldades em implementar ideias de ficção a nível audiovisual e lançou-se um
voto para as pessoas não deixarem de sonhar, de criar algo para além da
realidade do quotidiano. No fundo é essa a ideia do Fórum Fantástico: de levar
mais pessoas a ler e a criar mundos para além do mundo. Para o ano há mais.<br />
<br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTygxv5L96HxEMZo3hn-uoUiROghrhfIlHYy4eF_BdH8HMRO0X9ch1RQFvqiOUhJuCcY4-p-N8bsgLlBndAazPqBTEvIbQ_JUxOZi0yiRmXMfMksDrcRzMlyGcjf8CdTyQKSPx2_7VDRk/s1600/DSCN2253.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTygxv5L96HxEMZo3hn-uoUiROghrhfIlHYy4eF_BdH8HMRO0X9ch1RQFvqiOUhJuCcY4-p-N8bsgLlBndAazPqBTEvIbQ_JUxOZi0yiRmXMfMksDrcRzMlyGcjf8CdTyQKSPx2_7VDRk/s400/DSCN2253.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O grupo da revista <span style="font-size: small; text-align: justify;">Trëma</span></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-VqbKBzdE7N8/ULKd7EYUHlI/AAAAAAAAAnE/vod-Zv9d_BE/s1600/DSCN2263.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-VqbKBzdE7N8/ULKd7EYUHlI/AAAAAAAAAnE/vod-Zv9d_BE/s400/DSCN2263.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O grupo da revista Lusitânia</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt9eYKrJsMPiWHyiRab6E8Fi8EQVBzYL_n-AR2dUSIoV3mR7qBzkOBiajYIKYnrdYzFIQCTX69NRk15N3gF1iuRLZGywcKDFRHG43iDwBThhyphenhyphenGaBpHk9Tlv4VS74iBpGlKoXtm5kwWT6A/s1600/DSCN2266.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt9eYKrJsMPiWHyiRab6E8Fi8EQVBzYL_n-AR2dUSIoV3mR7qBzkOBiajYIKYnrdYzFIQCTX69NRk15N3gF1iuRLZGywcKDFRHG43iDwBThhyphenhyphenGaBpHk9Tlv4VS74iBpGlKoXtm5kwWT6A/s400/DSCN2266.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O grupo ClockWork Portugal e do Almanaque SteamPunk</td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-OOBwnXt_lko/ULKemPamu2I/AAAAAAAAAng/UVq8dvXMeP8/s1600/DSCN2267.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="http://2.bp.blogspot.com/-OOBwnXt_lko/ULKemPamu2I/AAAAAAAAAng/UVq8dvXMeP8/s400/DSCN2267.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Painel “Mitos e Fantasias na Ficção Nacional”</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-65773550517656120692012-09-02T11:11:00.002-07:002012-09-02T11:46:40.325-07:00Análise: Concerto de Jack White<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9VhIbx5Go1S4RB-bGo9e53NftseiHOjZnYY2MFmcVzafilitoCMsxBKKdd12lJ9BCnZQlavKFuhXJ8rAui3GQMVY8ospsB09hlwpU6XSI3GHVQjxgiPTVtd76cQvk4O_orH1uBeiO_Vo/s1600/Jack-White-Blunderbuss-608x608.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9VhIbx5Go1S4RB-bGo9e53NftseiHOjZnYY2MFmcVzafilitoCMsxBKKdd12lJ9BCnZQlavKFuhXJ8rAui3GQMVY8ospsB09hlwpU6XSI3GHVQjxgiPTVtd76cQvk4O_orH1uBeiO_Vo/s320/Jack-White-Blunderbuss-608x608.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Jack White, o fundador da banda de culto <b>White Stripes</b>, apresentou-se em nome próprio no dia 31 de Agosto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para uma noite de puro <i>rock</i>. A abertura coube aos <b>The Poppers</b>, uma banda portuguesa em ascensão.<br />
O Coliseu esteve cheio numa noite quente que prometia. Após as portas abrirem ouviram-se logo os primeiros sons mexidos dos <b>The Poppers</b>. A música deles dificilmente deixaria alguém indiferente. Numa mistura entre o género <i>country</i> americano e o <i>rock</i> mais alternativo, as faixas convidavam aos abanões ou ao moche. Contudo, a multidão não demonstrou mais do que uns quantos esbracejos e cabeças a anuir. A banda passou no exame mas o que que todos queriam ainda estava nos bastidores.<br />
Surgiu o intervalo e as massas deslocaram-se para melhor ver, tocar e sonhar com a banda de Jack. Não havia uma idade fixa, avistando-se pessoas dos 15 aos 50 por entre as bancadas. Pessoas que vinham, quiçá, por curiosidade ou culpa inconsciente de ter perdido a última vinda de Jack à capital. Foi só há cinco anos mas para muitos foi uma eternidade. O fenómeno <b>White Stripes</b> ainda perdura nos ouvidos e corações de todos.<br />
Eis que sobe alguém ao palco. É um membro da banda que pede à multidão para assistir ao concerto com os telemóveis e câmaras desligados. E tem toda a razão. Para mim, os concertos mais memoráveis valem bem a pena ser vistos com os próprios olhos. O público esperou muito pouco, não tardou até as luzes se apagarem e Jack e a sua banda aparecerem sob um foco de luz azul. Com um ar aparentemente neutro, surgiram os primeiros acordes de <i>Dead Leaves and the Dirty Ground</i>, uma canção dos <b>White Stripes</b>.<br />
De facto, todo o concerto foi um brinde de nostalgia aos mais aficionados. Foram tocadas 22 músicas sendo que metade delas pertenceram a projectos passados do guitarrista. Surgiram temas clássicos como <i>Top Yourself</i>, dos <b>The Raconteurs</b>, <i>I Cut Like Buffalo</i> dos <b>The Dead Weather</b> e <i>The Hardest Button to Button</i> dos <b>White Stripes</b> misturados com mais recentes, como a balada <i>Love Interruption</i> ou o mais animado <i>Sixteen Saltines.</i><br />
A neutralidade inicial de Jack desvaneceu-se uns minutos depois. No palco viu-se o guitarrista bem disposto interagindo com os outros membros e alternando entre a guitarra e o piano, mostrando a sua versatilidade de artista. Sublinho também a energia de Daru Jones, o baterista que, por vezes, parecia que estava isolado no seu mundo, surpreendendo com o seu talento e intensidade em várias ocasiões durante o espectáculo.<br />
O concerto durou duas horas e terminou com um <i>encore</i>, começando com <i>Steady As She Goes</i> e fechando com a clássica <i>Seven Nation Army</i>. Esta última música era a mais esperada como o demonstraram os fortes bateres de pés nas bancadas de toda a audiência. Ninguém ficou indiferente, todos entoaram o hino de Jack até ao último fôlego. Se Jack White regressará em breve ninguém o sabe. De qualquer modo ele provou, mais uma vez, que é mais do que um rótulo, é um fenómeno por si só.<br />
<br />André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-82552447292034951402012-09-01T10:19:00.002-07:002012-09-02T07:47:07.688-07:00Crítica: Uma Viagem à Índia<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8b971oAhnzhw2rwyTnLr4g2Kx-I-xpUlXyNJlFGBjJTmcS7qHyS7a51PvbAWBDSvAKREWeRpuenfSAIU6MpFXgLA_EUam4IoyruyTHNlBEjrpE3Pn6jUA5r3Iy9GIgeL-qi7LaGvVrXs/s1600/_opt_VOLUME1_CAPAS-UPLOAD_CAPAS_GRUPO_LEYA_CAMINHO_EGM_9789722121309_uma_viagem_a_india_goncalo_m_tavares.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8b971oAhnzhw2rwyTnLr4g2Kx-I-xpUlXyNJlFGBjJTmcS7qHyS7a51PvbAWBDSvAKREWeRpuenfSAIU6MpFXgLA_EUam4IoyruyTHNlBEjrpE3Pn6jUA5r3Iy9GIgeL-qi7LaGvVrXs/s320/_opt_VOLUME1_CAPAS-UPLOAD_CAPAS_GRUPO_LEYA_CAMINHO_EGM_9789722121309_uma_viagem_a_india_goncalo_m_tavares.JPG" width="208" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
Muito aclamado pela crítica como um livro intemporal e revelação dos últimos tempos, a Viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares lembra-nos "Os Lusíadas" de Luís Camões pela sua construção em estrofe e aparente alusão à ode heróica. Basta ler as primeiras páginas para nos apercebemos de que o que temos em mãos não é bem a mesma coisa.<br />
"Uma Viagem à Índia" é um trabalho de reflexão do autor acerca de tudo o que o rodeia e experienciou ao longo da vida. A viagem de Bloom é o tema principal do livro que acaba por passar para segundo plano em várias ocasiões. Bloom parte de Portugal com o objectivo de encontrar a sabedoria na Índia. Pelo caminho faz escalas curtas em Londres, Paris e Praga. Sublinho aqui a excelente capacidade do autor em pintar-nos uma imagem brilhante das pessoas e dos seus hábitos em cada país.<br />
Após algumas peripécias, Bloom chega à Índia onde irá ter uma descoberta pessoal. Sem querer entrar em revelações, devo confessar que me surpreendeu a construção caótica da escrita e raciocínio do autor no último capítulo do livro.<br />
Recomendo-o vivamente pois acaba por ser especial quer pela sua construção a lembrar "Os Lusíadas", quer pela própria epopeia de Bloom. Gonçalo M. Tavares usa esta obra para expôr algumas das suas visões acerca do mundo que o rodeia, se bem que por vezes de forma pouco clara.<br />
<br />
Autor: <b>Gonçalo M. Tavares</b><br />
Ano: <b>2010</b><br />
Páginas: <b>484</b><br />
Editora: <b>Editorial Caminho</b><br />
<br />André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-23563103085765332892012-06-18T15:24:00.000-07:002012-06-18T15:32:15.045-07:00Menos por mais<div style="text-align: justify;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7laEMza7VzazvdOwAmdTMMpib7aC6EJjNRHTco2TVv2szmOvrxPHNiLoQIK_q3-a_KHuwQExBKzM9KpX2XoOptVrBgP7Bi7P3IaLBScm6ZGyDZ7WXYEH4KI86hWRhK1ZZ1vo5gR3qbuw/s1600/st-pete-beach-sunset1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7laEMza7VzazvdOwAmdTMMpib7aC6EJjNRHTco2TVv2szmOvrxPHNiLoQIK_q3-a_KHuwQExBKzM9KpX2XoOptVrBgP7Bi7P3IaLBScm6ZGyDZ7WXYEH4KI86hWRhK1ZZ1vo5gR3qbuw/s400/st-pete-beach-sunset1.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Pude assistir há pouco a uma
reportagem de um canal privado onde se abordou o facto de cada vez mais
portugueses viverem com o ordenado mínimo. Durante a peça foi entrevistado um
jovem, cujo nome não me recordo, que está nessa situação. Irei
chamar-lhe de “João”.</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
O “João” tem 26 anos e licenciou-se
em Marketing. Actualmente trabalha num <i>call
center</i> e recebe o ordenado mínimo. No entanto, ele diz que é possível viver
e ser independente mesmo estando nessa situação. O “João” tem sonhos, como
muitos outros, e acredita que os poderá realizar… mas não neste momento. Apesar
de tudo o “João” não deixa de sonhar e de acreditar.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Afastemo-nos um pouco do futuro
por uns instantes e centremo-nos no presente do “João”. Ele utiliza os
transportes públicos, não vai ao cinema, evita viajar e são raros os dias em
que janta fora. Aquilo que à primeira vista poderá parecer uma infelicidade
para alguns acaba por ser a expressão carrancuda de outros de idade mais
avançada. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Verdade seja dita, hoje em dia
temos a sorte de viver numa época onde estamos cada vez mais próximos uns dos
outros à distância de uma mensagem de texto, de um clique ou de uma viagem de
baixo custo. Falo de um período onde a esperança média de vida está acima dos
60 anos e onde podemos adquirir refeições feitas em menos de cinco minutos. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Para além disso vivemos num mundo
de licenciados, mestres e doutores. Falo de uma sociedade onde as pessoas têm a
oportunidade de irem para a universidade para prosseguirem nos seus estudos
apesar da subida do preço das propinas. Temos telemóveis, computadores portáteis
e televisões com mais canais do que aqueles que nos interessam.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
É por todas essas razões e mais
algumas que sou da opinião que habituámo-nos a ter demasiado e a dar pouco
valor ao que temos. É precisamente esse “demasia” já enraizada no crescimento
de muitos que conduz a estados de depressão por não se poder cometer os
excessos. Falo aqui das viagens, dos cinemas, dos jantares ou saídas em
discotecas da moda. São bens materiais mas não essenciais.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Perguntará então o leitor: mas
então quais serão esses bens essenciais? São os bens imateriais. Falo de
sentimentos como o amor, o carinho, o respeito, o afecto. Dizem que uma época
de crise é sinónimo de oportunidade, de empreendedorismo… não quero ir por aí.
Creio que, acima de tudo, é um período onde podemos aprender a olhar em nosso
redor e apercebermo-nos de certos valores e do que realmente interessa. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Creio que esta crise será vencida
com paciência e muita entreajuda entre todos. Chegou a altura de deixarmos de
olhar para o nosso umbigo e pensar em como poderemos ser úteis para o próximo.
Cada um de nós é único e especial à sua maneira mas muitos não se apercebem
disso. Tal como no amor onde a nossa cara-metade poderá estar a um palmo de
distância e não nos apercebemos, também nós temos o hábito de ignorar as nossas
capacidades e a nossa rede de contactos que se torna cada vez mais acessível.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Para concluir, acho que a crise
será superada mais facilmente assim que nos apercebermos do valor real do que
temos à nossa volta e de repensarmos as nossas atitudes. É certo que o “João”
tem um curso superior e sonha alto, ninguém o impede de o fazer. Apenas
aprendeu a adaptar-se às circunstâncias e quiçá a lembra-se das pequenas coisas,
das que realmente contam. </div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-78382429440262339442012-06-11T14:28:00.001-07:002012-09-02T10:27:39.157-07:00O delírio pelo esférico e a febre do nacionalismo<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-TH01ljqMJNZKyBC-UuWjmOwoYlig1rhM-8oX6OeTiAKYsYxJxj99E0EIjcNMHsJi0fllJcwFzF1qXw3IMiMjOdhDxiEa-e5qHgHeHAknQuSKo33ofRx2mGjgiw8K2zBXpntF9Nid6cg/s1600/cristianoronaldoeuro_450601.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-TH01ljqMJNZKyBC-UuWjmOwoYlig1rhM-8oX6OeTiAKYsYxJxj99E0EIjcNMHsJi0fllJcwFzF1qXw3IMiMjOdhDxiEa-e5qHgHeHAknQuSKo33ofRx2mGjgiw8K2zBXpntF9Nid6cg/s400/cristianoronaldoeuro_450601.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<span style="text-align: justify;">Entrámos em Junho e com ele chegou a febre do desporto a céu aberto. Este é o mês do Europeu de futebol, do torneio de ténis Roland Garros em França e de outros eventos recorrentes como o MotoGP para os aficionados pelos motores. Vou-me centrar no fenómeno do futebol e da imagem da nossa selecção nacional.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ser jogador de futebol de um clube reconhecido internacionalmente é sinónimo de carros de luxo, de hotéis caros, de brincos e de cabelos eriçados. Claro que, como tudo na vida, para se chegar à glória é preciso verter muito suor. Ser jogador de uma selecção nacional é suportar um peso dez vezes superior, é levantar toda uma nação. Quando as selecções jogam o duelo acaba por ser muito mais do que apenas uma troca de jogadas e fintas, é um embate de duas bandeiras e de sistemas económicos que visto de fora nos telejornais pode equivaler à história de David contra Golias.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi precisamente essa história que se mostrou no passado sábado, na Ucrânia, quando Portugal defrontou a Alemanha no primeiro jogo do seu agrupamento. Não é que a selecção portuguesa seja tão desproporcional frente aos seus vizinhos germânicos, mas a verdade é que grande parte da população portuguesa ergueu os punhos na esperança de superar o país de Angela Merkel através de uma boa goleada no marcador… o que infelizmente não aconteceu.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O problema aqui não é a qualidade dos jogadores, eles fazem o seu melhor. Sou da opinião que a ferida vem mesmo do cerco mediático exagerado que se colocou antes e durante a participação da selecção no Euro. Há quem acredite que se investe demasiado na cobertura do evento, dinheiro esse que sai do bolso da população e poderia ser utilizado para fins mais úteis. No entanto, não é por aí que quero chegar. O que critico é o exagero desmesurado que se faz pela parte de certos canais para relatar ao pormenor a vida e o treino dos jogadores durante o evento.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É certo que vivemos num mundo globalizado onde a informação vem ter connosco num ápice mas até que ponto é que passamos da informação para o trivial? É uma barreira ténue e no caso da cobertura à equipa da selecção foi rompida nos primeiros minutos de esses programas. É simpático para o fã poder sentir-se próximo dos seus ídolos, mas será realmente interessante saber o que é que o Coentrão almoçou ou que a que horas é que o Ronaldo saiu do duche?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O espectáculo mediático continua nos anúncios. Grandes marcas procuram usar a selecção também como uma via para promover-se indirectamente. Assistimos então a promoções para piqueniques, corridas pela selecção, pacotes especiais nos bancos e afins. Não é que eu critique o facto de se fazerem em si, até porque alegra-me ver uma nação unida por uma causa, mas ficaria mais feliz se fosse por algo mais nobre como uma recolha de alimentos ou da Cruz Vermelha. Regressemos então ao peso nos ombros dos nossos jogadores…</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A selecção de Paulo Bento tem uma responsabilidade maior do que aparenta, tem a missão de fazer lembrar à Europa e ao mundo que o país é melhor do que a avaliação que as agências de <i>rating</i> lhe deram. O problema é que com um cerco mediático tão exagerado a esperança ultrapassa os níveis do racional para o cegamente fantasioso. Sou da opinião que talvez uma menor cobertura não tão directa aos jogadores poderá ajudar a acalmar os nervos e a melhorar o seu desempenho. Eles já são o centro das atenções quer queiram, quer não e não é necessário apontar-lhes uma câmara vinte e quatro horas por dia a lembrar a teoria de Orwell que irá facilitar as coisas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para concluir, não posso deixar de referir a minha opinião em relação ao desempenho da selecção nos últimos jogos. Acho que Portugal não jogou tão bem quanto eu esperava mas como português espero sinceramente que ainda nos traga uma bela surpresa. Encaro o Euro como uma competição entre grandes selecções onde os melhores dos melhores se defrontam. É um evento único e de forte atenção dos fanáticos aos curiosos. É por isso que acredito que algum afastamento dos fanatismos provocados pelos media poderá ajudar a aguçar a visão crítica do que acontece nos diferentes relvados. Estarei atento à Espanha, à Alemanha, à Inglaterra, à Itália… enfim, grandes colossos que irão surpreender. E mesmo que Portugal perca aconselho a não perderem de olho os nossos colegas europeus… Resta só dizer: que ganhe o melhor! </div>
André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-1920523739195219602012-05-11T12:41:00.002-07:002012-05-11T18:07:26.115-07:00Crítica: Spaced<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjT4z_MVSLsypS06ZRSRX68TUIvmit9a-V6uR6JRC-EDeWnn1mC1Y_TM0CGqUsEJXa5Gu-ZRaKmkgQKW4DxUXmB34gf31J3gVECAeEX5c3DidXjYRAekq_CCLx9iQNGp2TJMiZaV0O3aeY/s1600/spaced.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjT4z_MVSLsypS06ZRSRX68TUIvmit9a-V6uR6JRC-EDeWnn1mC1Y_TM0CGqUsEJXa5Gu-ZRaKmkgQKW4DxUXmB34gf31J3gVECAeEX5c3DidXjYRAekq_CCLx9iQNGp2TJMiZaV0O3aeY/s400/spaced.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Dizem que a família do século XXI é composta
por amigos e não familiares… ou então é tudo uma treta.” Esta é a expressão que
se ouve no último episódio de <i>Spaced</i>, uma série da autoria dos britânicos Simon
Pegg e Jessica Stevenson. A série é composta por duas temporadas e conta a história
de dois conhecidos que são obrigados a fingir que são um casal para viverem no
seu apartamento de sonho.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O enredo é relativamente simples:
Tim (Pegg) acaba de terminar uma relação e está à procura de casa própria mas
sem sucesso. Assim que chega a um café encontra Daisy (Stevenson) que vive num
apartamento cheio de gente e mal vê a hora de sair de lá para ter o seu espaço
próprio. Rapidamente trocam conversas e, ao longo de vários dias, simpatizam
cada vez mais um com o outro. Subitamente surge um anúncio de um apartamento
ideal para ambos mas só existe um inconveniente: o anúncio destina-se a um
casal. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tim e Daisy procuram descobrir o
essencial acerca de cada um e conseguem enganar a senhoria que estão realmente
juntos. A partir de esta fase descobrimos como é que eles realmente são
enquanto assistimos aos seus conflitos. Tim trabalha numa loja de banda
desenhada e os seus interesses resumem-se a coleccionar figuras de animação e a
jogar na consola. Daisy está desempregada e sonha ser uma escritora de renome.
É difícil não esboçar um sorriso enquanto assistimos às tropelias entre ambos
enquanto se ajudam e discutem sobre o olho atento da senhoria.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Spaced </i>não se centra só nestes
personagens. À medida que o enredo se desenrola vai-se formando um grupo de
amigos habitual na companhia de Brian, o vizinho do rés-do-chão que é um
artista conceptual, Twist, a melhor amiga de Daisy e uma <i>designer</i> com um
comportamento explosivo, e Mike, o melhor amigo de Tim que está no exército e
vive completamente obcecado com armas. O grupo acaba por ficar com um sétimo
elemento mais para a frente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A série está repleta de
referências à cultura pop do cinema e dos videojogos. Tim é um fã devoto da <i>Guerra das Estrelas</i> e numa determinada
altura acaba por ser demitido de uma maneira hilariante por odiar os primeiros
filmes. Spaced não se centra na cultura pop mas ela encontra-se camuflada no
enredo de maneira discreta e imprevisível. Assim que começa o episódio já
sabemos que iremos ser bombardeados com pelo menos dez referências nostálgicas
tanto pelo diálogo como pelas acções ou a roupa dos personagens. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Spaced</i> é uma série sobre laços de
amizade. Apesar de se centrar no género da comédia, muitas vezes situacional,
consegue ter os seus momentos sérios. Nota-se que houve um trabalho intenso da
parte de Pegg e de Stevenson para talhar perfeitamente a caracterização de cada
personagem. Não é de admirar que Stevenson tenha sido premiada por duas vezes com
um British Comedy Award para melhor actriz numa comédia. Esta é uma série que
merece ser vista pelo menos uma vez na vida, especialmente para quem é fã de
cinema e/ou animação. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Título original: <b>Spaced</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Realizador: <b>Simon Pegg, Jessica Stevenson</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Elenco: <b>Simon Pegg, Jessica Stevenson, Nick Frost, Mark Heap, Julian Deakin, Katy Carmichael</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ano de estreia: <b>1999</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Género: <b>Comédia</b></div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-37233150361554593192012-04-03T12:14:00.002-07:002012-05-11T18:05:51.677-07:00Crítica: O Náufrago<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw9WtSRzjL-nuFBfC63DM2utXdcYrsSC8oJQw3T-_fcdyzpcnkru1oxrmql5mZ3V75RHm_yOzDKIv3ugIjIAPFHZQrZ2Ul5NI8Gh5hEq2qiVw2s05o0iCrids2OOUsqxNNCxHlB-_xGR0/s1600/11707834_gal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw9WtSRzjL-nuFBfC63DM2utXdcYrsSC8oJQw3T-_fcdyzpcnkru1oxrmql5mZ3V75RHm_yOzDKIv3ugIjIAPFHZQrZ2Ul5NI8Gh5hEq2qiVw2s05o0iCrids2OOUsqxNNCxHlB-_xGR0/s400/11707834_gal.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<b style="text-align: justify;"><i>O Náufrago</i></b><span style="text-align: justify;"> é um filme com a assinatura de Robert Zemeckis, conhecido pela trilogia de </span><b style="text-align: justify;"><i>Regresso ao Futuro</i></b><span style="text-align: justify;">. A obra, apesar de ter um enredo simples, tem o efeito de colocar o espetador a pensar acerca da sua própria existência e do valor que pode dar às suas condições de vida.</span><br />
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
O filme conta a história de Chuck Noland (Tom Hanks), um funcionário da rede de entrega de mercadorias FedEx. Chuck é completamente obcecado com o tempo, vivendo e respirando para o seu ofício, acabando por negligenciar a relação que tem com Kelly, a sua namorada (Helen Hunt). A vida de Chuck sofre uma reviravolta quando o avião em que viaja é apanhado numa violenta tempestade e despenha-se perto de uma ilha algures no oceano Pacífico… sendo ele o único sobrevivente.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
É irónico que o homem para quem cada segundo contava tinha agora todo o tempo do mundo. Chuck perdeu o sinalizador do barco salva vidas e encontrava-se agora isolado numa ilha deserta contando apenas com as suas roupas e alguns caixotes da FedEx que vieram dar à costa. Ele abre todas as embalagens excepto uma. O filme é claramente uma versão moderna da história de Robinson Crusoé. A partir de este momento o enredo centra-se na adaptação da personagem às condições mais básicas de vida sem qualquer acesso à electricidade ou à tecnologia.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Chuck representa qualquer um de nós e como agiríamos se nos encontrássemos em tal desaire. É curioso ver o progresso que a personagem faz ao longo dos meses desde o esforço que demonstra para abrir um côco até descobrir como fazer fogo para se aquecer. A única amizade que Chuck faz durante o seu isolamento é com uma bola de voleibol à qual chamou de Wilson. O objecto serve como o seu companheiro inanimado para quebrar o isolamento que sente.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Passados quatro anos, encontramos Chuck sob uma forma completamente radical. Tem cabelos longos e grisalhos, está mais magro, mas as suas habilidades e técnicas físicas estão mais apuradas que nunca. Após ter desaguado na praia parte de uma casa de banho portátil ele nem pensa duas vezes. Chuck mostra a sua mestria terminando a construção de uma jangada sólida usando a cobertura da casa de banho como vela. Mal termina o projeto, lança-se ao mar contando apenas com a “companhia” de Wilson… e consegue escapar da ilha.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
O caminho de regresso foi duro, acabando por perder o seu “companheiro” no meio de outra tempestade. De sublinhar a reação de desespero de Chuck quando perde o seu amigo, voltando a sentir-se só... Felizmente, acaba por ser resgatado por um cargueiro e trazido de volta para os Estados Unidos, o país que o tinha dado como morto.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Contudo, a visão de Chuck mudou, ele não quer ser um herói, apenas anseia rever a sua amada. O momento do reencontro é adiado e ele apercebe-se que a situação já não é a mesma. Kelly constituiu família com outra pessoa e tem uma filha. A paixão de ambos ainda persiste mas sabem que é impossível continuar sem prejudicar o seu núcleo familiar.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Na reta final encontramos Chuck preocupado em devolver a embalagem da FedEx que trouxe da ilha e nunca chegou a abrir. Quando chega à morada encontra a casa vazia então conduz até a uma encruzilhada. Está sozinho e o único som vem de um camião conduzido por uma mulher. Após perguntar-lhe as direções, descobre que essa pessoa mora na casa que acabou de deixar. O filme termina com ele a olhar para esse caminho enquanto sorri e liga o motor.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
A obra transmite-nos uma mensagem de persistência. Mostra-nos que com paciência conseguimos fazer coisas que nunca pensámos ser capazes de fazer. O filme chega a ser parado nalguns momentos mas creio que isso chega a ser essencial para nos associarmos à situação da personagem. Isto porque nunca se sabe como será o dia seguinte.</div>
</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<div>
Título original: <b>Cast Away</b></div>
<div>
Realizador: <b>Robert Zemeckis</b></div>
<div>
Elenco: <b>Tom Hanks e Helen Hunt</b></div>
<div>
Ano de estreia: <b>2000</b></div>
<div>
Género: <b>Aventura/Drama</b></div>
</div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-22421835063207471982012-03-11T16:42:00.006-07:002012-12-25T08:25:51.104-08:00Crítica: Vergonha<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlXzPg_aUuKa7TWXgJv4WZmfQxaLoqPYlgo4BEwu1LXdzZM-Qh4oqgs_O7xPnCvva2-VD4su9Un5Vgbl_3BL46aFttIaTaYPCfWSci07C0Yssjf_EC90pxVi2DsIBETUuXIzAr1ArgH80/s1600/Shame2011.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlXzPg_aUuKa7TWXgJv4WZmfQxaLoqPYlgo4BEwu1LXdzZM-Qh4oqgs_O7xPnCvva2-VD4su9Un5Vgbl_3BL46aFttIaTaYPCfWSci07C0Yssjf_EC90pxVi2DsIBETUuXIzAr1ArgH80/s320/Shame2011.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<b><i>Vergonha</i></b> é uma obra mais complexa do que parece. O drama, do realizador Steve McQueen, conta a história de Brandon Sullivan (Michael Fassbender), um indivíduo viciado em sexo cuja vida leva uma reviravolta com a chegada da sua irmã (Carey Mulligan).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Brandon é um homem de meia idade, bem sucedido e pouco emotivo. Na primeira parte do filme é-nos apresentado o seu dia-a-dia, que consiste em pagar a prostitutas para ter relações no seu apartamento. Não tarda muito até o espectador começar a aperceber-se de quão grave é o estado de Brandon: ele mal consegue manter uma conversa casual, passa as noites isolado a ver vídeos eróticos e rejeita por completo o amor… porque não o conhece realmente.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A personagem é como uma marioneta, um corpo movido para satisfazer as suas necessidades primárias sem qualquer interesse por qualquer tema que não envolva o seu prazer físico. Não é que Brandon seja tímido, simplesmente vive numa bolha irreal, num mundo pequeno onde é ele que dita as regras e faz o que lhe apetece, quando quer. A vida de Brandon é alterada com a chegada de Sissy, a sua irmã.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sissy “aterra” literalmente sem avisar no seu pequeno mundo. A irmã mais nova não faz a menor ideia dos vícios do irmão e sempre estranhou o seu isolamento forçado. Não é que ele a odeie, é simplesmente um efeito do estado grave da sua doença. Sissy sonha com uma carreira musical e também é um pouco desajustada socialmente. No entanto, ela adora o irmão procurando obter o seu afecto por muito que ele tente afastar-se de tudo e de todos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dos pontos fortes do filme é certamente o desempenho dos actores e o modo como interagem entre si. É curioso assistirmos a uma cena de jantar onde se encontram Brandon e outros convidados para nos percebermos do contraste que existe entre eles. A personagem limita-se a sorrir e a anuir mas no fundo o que vemos é um corpo oco, sem interesses, um predador de instintos primários que ainda não encontrou a cura.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i>Vergonha</i></b> é um filme que poderá conter alguma polémica e não agradar a alguns grupos mas não deixa de ser altamente recomendável. Steve McQueen explora o mundo privado de uma pessoa perfeitamente normal na sua vida profissional mas completamente vaga a nível emocional. Brandon é um corpo num filme onde corpos se revelam e existe um forte jogo de emoções entre o espectador e as personagens.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Título original: <b>Shame</b><br />
Realizador: <b>Steve McQueen</b><br />
Elenco: <b>Michael Fassbender e Carey Mulligan</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ano de estreia: <b>2011</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Género: <b>Drama</b></div>
André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-45044555654392125772012-03-05T15:53:00.003-08:002012-03-05T15:56:16.101-08:00O dilema do fumo e a vontade de crescer<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFqQ6M-Kf6QFADuaQv34YUXLnlSk5kWbHy0WNl_SFTLrzrOQSOoPQUNXJul4xXGsMllLTLlsQ8lIZfOZq_-PqugUyhq8m7eVSqtyB623DkPGvAkQkL2JFIEnUmCQMBctJQfChXk0TkgQA/s1600/kaplansmoking.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFqQ6M-Kf6QFADuaQv34YUXLnlSk5kWbHy0WNl_SFTLrzrOQSOoPQUNXJul4xXGsMllLTLlsQ8lIZfOZq_-PqugUyhq8m7eVSqtyB623DkPGvAkQkL2JFIEnUmCQMBctJQfChXk0TkgQA/s320/kaplansmoking.jpg" width="320" /></a></div><br />
Cada vez mais tenho reparado em crianças de cigarro em riste. Quando me refiro a crianças não se trata de um nome que reforça a minha diferença de idade: são mesmo crianças. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nos meus passeios já é quase certo que, mal passe por uma escola secundária, encontro logo adolescentes a experimentar «o fruto proibido». Até aí consigo tolerar, mas a situação azeda quando vejo miúdos com pouco mais de dez anos de cigarro na mão. Serão as influências de terceiros? Serão vítimas de uma lavagem cerebral involuntária dos média?</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece que as gerações seguintes crescem a uma velocidade estonteante. Mal saem do útero agarram-se ao biberão, que o descartam pelo café e o largam pelo cigarro. Têm tanta correria para crescer que nem desfrutam da infância. São «senhores» de palmo e meio sem qualquer tipo de responsabilidade. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No meio disto tudo qual será o papel dos pais? Infelizmente (ou felizmente) o dinheiro não cresce nas árvores, então tento perceber como nascem esses pequenos cilindros nas mãos de crianças de apenas doze anos. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ver este tipo de situações só reforça a minha opinião que o problema do país está na Educação. Estou a falar da transmissão do saber pelos pais e não do ensino escolar. É um tema complexo porque é difícil para os pais conseguir evitar que os seus rebentos sejam corrompidos pelo exterior mas o seu papel é fulcral! </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A esperança média de vida tem vindo a crescer nos últimos anos devido aos avanços na saúde e a mudanças de hábitos alimentares. No entanto, temo que possamos estar a criar uma geração movida a nicotina. Não vejo mal nenhum que uma pessoa adulta fume, pois já é responsável pelo seu destino, dói-me é ver crianças de cigarro em riste, seduzidas por sensações que procuram e que poderão levá-las à sua perdição… na mais completa ignorância. </div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-4823448887914570462012-03-02T19:12:00.020-08:002012-05-13T10:09:22.887-07:00Reportagem: "O Pó"<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhupZPMI8qzpn8krqinHBYXviHTBjRCTHQ00ce2A_wcn3OHcxtwSxrViT8g5KR4PMdlI6wySN1Kq9A0xpTELaVRndns8iaIsd-oA8H1zucgGrcBzyndou7dzdhKsXut0FDL8qLn9InNnbA/s1600/DSCN1582.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhupZPMI8qzpn8krqinHBYXviHTBjRCTHQ00ce2A_wcn3OHcxtwSxrViT8g5KR4PMdlI6wySN1Kq9A0xpTELaVRndns8iaIsd-oA8H1zucgGrcBzyndou7dzdhKsXut0FDL8qLn9InNnbA/s320/DSCN1582.JPG" width="320" /></a></div>
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Está agora em cena “O Pó”, a mais recente peça da autoria de José Meireles encenada por Abílio Apolinário. A obra ganha vida pela Projéctor, a Companhia de Teatro do Barreiro, e vai estar em cena na Sociedade Instrução e Recreio Barreirense (SIRB) durante os dois primeiros fins de semana do mês de março.<br />
A peça tem como base o tema da droga e de como a sua dependência pode trazer consequências nefastas para o indivíduo e os seus mais próximos. A história centra-se em "Jony" (Ricardo Gião), "Alex" (Tiago Soares) e "Jim" (André Antunes) que formaram uma banda mas que se deixaram atingir pela influência do pó. "Alex" e "Jim" já se encontram em fase de recuperação sendo que grande parte da descarga emocional recai sobre o terceiro elemento.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
"Jony" é uma personagem mais complexa do que parece. Durante a peça o público assiste a alguns dos seus ensaios para a gravação do primeiro disco mas é nos intervalos que se apercebe da fragilidade da relação entre os três amigos. O que aparenta ser uma “unidade” está claramente dividida devido aos comportamentos irregulares de "Jony", cuja saúde física e mental se vai deteriorando ao longo da peça. "Alex" e "Jim" lutam arduamente para procurar restabelecer a união mas mesmo assim torna-se complicado pois mal conseguem manter a sua amizade.</div>
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Assistir a “O Pó” é como entrar numa locomotiva fumegante que nos conduz freneticamente até ao final. Durante 45 minutos assiste-se a uma sessão intensa de música e de diálogos pesados tendo como pano de fundo o <i>rock n’ roll</i>. O uso de <i>videoclips</i> durante os "ensaios" da banda permite uma maior aproximação com o público, misturando-se a ficção com a realidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para Abílio Apolinário, “a peça procura servir como uma chamada de atenção para os mais novos acerca dos perigos da droga”. A introdução de personagens jovens poderá ajudar a facilitar esse elo de ligação. “Os jovens de hoje em dia estão dispostos a tudo e a utilização de linguagem pesada é essencial”, refere o encenador.<br />
Ricardo Gião confessa que não consegue viver sem o teatro e procura explorar géneros dentro dos quais ainda tem pouca experiência. Esta é a sua quarta peça com a Projéctor e reforça que é mais fácil desempenhar papéis com amigos porque “já não existe a necessidade de adaptação e há um espírito de entreajuda, pois conhecemos as fraquezas uns dos outros”, afirma o ator.</div>
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Depois de “O Pó”, a Projéctor já está a preparar “Loucos de Amor” de Sam Shepard, a 27 de março e “Baal” de Berltont Brecht a 27 de outubro.<br />
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<b>Local e horário das sessões:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dias 3, 10, 16 e 17 pelas 21h30</div>
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Dias 4 e 11 pelas 17 horas</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sociedade Instrução e Recreio Barreirense (SIRB), “Os Penicheiros”</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
R. Almirante Reis, n.º 66, Barreiro</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Telefone: 212 073 409 Email: <a href="mailto:penicheiros@portugalmail.pt">penicheiros@portugalmail.pt</a><br />
Website da Projéctor: <a href="http://projector-teatro.pt.vu/">http://projector-teatro.pt.vu</a></div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-16233616500723430882012-02-21T11:53:00.001-08:002012-03-02T19:53:31.364-08:00Torres em Alta<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Hoje fui visitar o Carnaval de Torres Vedras. Já é a segunda vez que vou a esta festa, que é por muitos considerado como «o Carnaval mais português do país», pelo que já posso fazer algumas comparações.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O centro da cidade de Torres Vedras enche-se de alegria durante seis dias com um desfile de carros alegóricos que procuram satirizar algumas das figuras públicas mais emblemáticas do país. Neste ano as personagens principais foram o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e outros políticos com alguma ação no estrangeiro como Paulo Portas e Durão Barroso. Também surgiram personagens ligadas ao mundo do futebol como Pinto da Costa, que ficou colocado num carro onde nem faltou Sá Pinto, o novo treinador do Sporting. Estranhamente não houve grandes referências a Cristiano Ronaldo, cuja cara apareceu muitas vezes no ano anterior muito por causa da polémica da altura acerca da mãe do seu filho.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os carros alegóricos são acompanhados de grupos de crianças com temas de disfarce variados. Vi passar leões, lutadores de sumo, carrinhos e ainda, acreditem ou não, bandeiras de golfe. O grupo de que mais gostei estava disfarçado de pinos de <i>bowling</i>, onde cada um tinha um palavra no peito, como «ordenados», «trabalho» e «pensões». A mensagem a passar era clara: a bola do governo iria derrubá-los a todos e, quem sabe, o Zé Povinho é que os recolhia. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A extinção da tolerância de ponto foi notória e pareceu-me haver uma menor afluência em relação ano anterior. Apesar disso, nada impediu pessoas de qualquer idade de mergulhar neste mundo de sátira e de vibrar com ritmos brasileiros pela tarde fora. Deixo-vos com algumas fotografias. Vejam se os conhecem.<br />
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</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-loGe3grQzwA/T0PytdHi8DI/AAAAAAAAADw/WecFbEKRYEk/s1600/DSCN1492.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-loGe3grQzwA/T0PytdHi8DI/AAAAAAAAADw/WecFbEKRYEk/s320/DSCN1492.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-uacrjrwS_ZY/T0PzBORnPoI/AAAAAAAAAD4/IDenbxtR-NA/s1600/DSCN1495.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-uacrjrwS_ZY/T0PzBORnPoI/AAAAAAAAAD4/IDenbxtR-NA/s320/DSCN1495.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-WPVUhqpHFRk/T0PzH-_XJDI/AAAAAAAAAEA/qnsdH3lbNMw/s1600/DSCN1500.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-WPVUhqpHFRk/T0PzH-_XJDI/AAAAAAAAAEA/qnsdH3lbNMw/s320/DSCN1500.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-M2JjyaGHtaA/T0PzZyepV9I/AAAAAAAAAEI/hcJdFIm4JvA/s1600/DSCN1497.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-M2JjyaGHtaA/T0PzZyepV9I/AAAAAAAAAEI/hcJdFIm4JvA/s320/DSCN1497.JPG" width="240" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4Gc8CS4NQ9eiE_CoAq4NkVZbTyhVFT4Nf7euILu_Lzlsb-bG2Q1lZF56AAHyw6frYjcVYXToi3GMAT5LBGQhcET_PY_mIctq9K0ZTiHCbzIQFVxUrPyAH66QS3gIAJV_UpXCYHya_osQ/s1600/DSCN1499.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4Gc8CS4NQ9eiE_CoAq4NkVZbTyhVFT4Nf7euILu_Lzlsb-bG2Q1lZF56AAHyw6frYjcVYXToi3GMAT5LBGQhcET_PY_mIctq9K0ZTiHCbzIQFVxUrPyAH66QS3gIAJV_UpXCYHya_osQ/s320/DSCN1499.JPG" width="240" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0b1boB3qWRHeas8-XwrxzCp-BNx73S3BS3A0JkLB_zcE6XYxyQjtRGpy9ovKLJGvigWpKj79rFF7cd9IO8NDB_rWRlPFZ0j8GZJoNmeJnpef093LnldqWM1HAvNN76QjLpGIO4XzvDfA/s1600/DSCN1493.JPG" imageanchor="1"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0b1boB3qWRHeas8-XwrxzCp-BNx73S3BS3A0JkLB_zcE6XYxyQjtRGpy9ovKLJGvigWpKj79rFF7cd9IO8NDB_rWRlPFZ0j8GZJoNmeJnpef093LnldqWM1HAvNN76QjLpGIO4XzvDfA/s320/DSCN1493.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhACdqiuR1c8rm98_C-qxsTIvLrciozY0p4tkF8PZtR3oaoPOUV10Be0muwAQI-tlQZAJJxwvR3kfrOKJeF1pYUNRHiCa_eiPSGU-WQXfo2wDeIpYXmx2WVWiu1rBdmZCF8vBiJOr-xJe0/s1600/DSCN1502.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhACdqiuR1c8rm98_C-qxsTIvLrciozY0p4tkF8PZtR3oaoPOUV10Be0muwAQI-tlQZAJJxwvR3kfrOKJeF1pYUNRHiCa_eiPSGU-WQXfo2wDeIpYXmx2WVWiu1rBdmZCF8vBiJOr-xJe0/s320/DSCN1502.JPG" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNyLwmYiqHuuQ1Ids8GU-kaKbN1JkMv6HuCuYJoAiosHJjk_7izZpVpgX3CeP8czJh7cLbBCCytSZlEovJldxe8xg425XpFvQe8FL8jUpvJRzKSR-mlHWU1PbUgba3-fc5jz1BGjUM3dM/s1600/DSCN1489.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNyLwmYiqHuuQ1Ids8GU-kaKbN1JkMv6HuCuYJoAiosHJjk_7izZpVpgX3CeP8czJh7cLbBCCytSZlEovJldxe8xg425XpFvQe8FL8jUpvJRzKSR-mlHWU1PbUgba3-fc5jz1BGjUM3dM/s320/DSCN1489.JPG" width="240" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-27430495209032165482012-02-18T16:01:00.000-08:002012-02-19T14:52:39.722-08:00A Vida Portuguesa<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É engraçado como cada dia, se estivermos atentos, podemos encontrar novidades nos sítios mais conhecidos. Enquanto descia a rua Garrett em Lisboa, bem perto da livraria <i>Bertrand</i>, fiquei com curiosidade de ir explorar a rua Anchieta, onde estão habitualmente algumas bancadas de alfarrabistas. Qual foi o meu espanto quando descobri uma loja de venda de artigos portugueses do século passado chamada <i>A Vida Portuguesa</i>.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Já tinha ouvido falar da marca, mas nunca tinha entrado numa das suas lojas. Segundo as minhas pesquisas, a marca <i>A Vida Portuguesa</i> existe desde 2007 e foi fundada pela jornalista Catarina Portas. O conceito é interessante e procura trazer de volta todo o tipo de artigos que encontrávamos em casa dos nossos avós quando éramos pequenos. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim que coloquei os pés dentro da loja olhei para a direita e deparei-me com uma parede cheia de barras de sabão com todo o tipo de embalagens e feitios. Ao seu lado estava o creme e o pincel de barbear, acompanhados da pasta dentífrica Couto para o bom freguês. O meu olhar percorre então o resto do espaço e vejo todo o tipo de cartazes e postais a persuadir o turista a visitar as nossas belas praias… de há cinquenta anos atrás! </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sou dominado pela curiosidade e entro na próxima secção onde estão carrinhos de madeira, cordas e todo o tipo de jogos para as crianças de outra geração. Nas paredes estão cadernos clássicos com uma etiqueta para colocar o nome na frente, baralhos de cartas, andorinhas de cerâmica e ainda peças de ourivesaria para as senhoras. Entro na última sala, onde estão os alimentos de outrora. Aqui estavam as latas de sardinha, a farinha de arroz, o vinho tinto e o clássico licor Beirão.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para mim, o sucesso da <i>Vida Portuguesa</i> reside não no que vende, mas como o vende. Ao ressuscitar marcas e cartazes de outro tempo, consegue despertar tanto a curiosidade das novas gerações como a nostalgia dos mais veteranos. É um verdadeiro museu português despercebido em plena Baixa lisboeta.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quando saí da loja ainda percorri a rua até ao fim para ver o que por lá havia e não me arrependi. Mesmo na esquina, encontrei um café temático. Chama-se <i>Kaffeehaus</i> e foi fundado por austríacos. Da vitrina da loja observei que tinha um ambiente acolhedor com sofás aconchegantes e posters de filmes antigos. Cheira-me que poderá vir a ser a minha futura paragem!</div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-54154591635340770472012-01-20T17:29:00.000-08:002012-01-22T10:32:50.125-08:00As Catedrais do SaberDesta vez irei descrever um local que tenho andado a visitar por obrigações académicas: a biblioteca. É curioso porque se pudesse recuar há uns anos jamais me imaginaria a escrever sobre isto.<br />
Desde que voltei a estudar fui forçado a ser auto-didacta. As bibliotecas têm sido desde então o meu segundo lar e uma fonte de fascínio. Agrada-me imenso percorrer as suas salas e observar as longas estantes que se estendem até ao tecto. Maravilho-me com as etiquetas que se referem às mais variadas áreas do conhecimento: Psicologia, Sociologia, Jornalismo, Gestão... tantos mundos à espera de serem descobertos, tantos livros já partilhados e que anseiam sair para o mundo uma vez mais.<br />
Há uns anos não conhecia o valor do silêncio. O facto de estar presente nesses espaços fazia-me sentir formigueiros, queria a luz do Sol e os meus ouvidos pediam a música do mp3, o meu nirvana pessoal. Hoje, sou capaz de passar horas e horas por entre páginas de livros abertos.<br />
Mas engane-se quem pensa que as bibliotecas estão isentas de ruído: é curioso ouvir as conversas ocasionais, as gargalhadas dos grupos de colegas que se juntam para discutir trabalhos de grupo e o «<i>shhh...</i>» dos leitores mais dedicados que por momentos sentiram um furo na sua bolha, no seu mundo.<br />
Isto porque os livros são mundos dentro de mundos. Abres um e és brindado com todo o tipo de locais e personagens que te podem influenciar e trazer algo de novo à tua vida. Sentes-te no seu mundo. Tu próprio és o personagem que percorre corredores e estradas, páginas e páginas até chegar ao «Fim».<br />
Para além de aventuras, os livros transmitem saber. Estão lá para qualquer leitor e são o seu companheiro fiel nas noitadas de estudo. Estão sempre disponíveis para auxiliar a passar aquele exame mais difícil e o trabalho que já devia ter sido entregue no dia anterior. Também são rebeldes pois deixam-se tatuar com linhas de carvão e o rabisco ocasional, mensagens que passam para a posteridade e que tornam cada um realmente único.<br />
A crise não parece existir nas bibliotecas. Podemos sair de lá com uma mão cheia de livros e de sabedoria. Estes são usados e reutilizados e despertam a vontade de adquirir os seus «sócias» se a história for convincente. Mas estes livros são passageiros de curta duração. Tal como nós, adoram a sensação de regressar a casa após uma viagem... até serem escolhidos de novo.<br />
É por isso que aprendi a valorizar as bibliotecas. Para além de serem um portal para o conhecimento gratuito, algumas chegam mesmo a ter palestras e eventos com convidados conhecidos que também se prontificam a partilhar as suas experiências. De pequenos a graúdos, sejam estudantes ou trabalhadores, há sempre tempo para um bom livro, uma boa história sob os seus tectos. Boas leituras!André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-60157258485881155542012-01-08T11:27:00.000-08:002012-01-18T16:50:26.845-08:00Recordar é viverSegundo um estudo feito em Inglaterra e divulgado no <a href="http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/cientistas-defendem-que-o-declinio-do-cerebro-afinal-comeca-aos-45-anos-1528025">Público</a>, a mente humana começa a deteriorar-se apartir dos 45 anos. Ler isto serviu-me de motivação para começar a escrever acerca de um tema que já há uns tempos queria abordar: a memória.<br />Ao longo da vida vamos acumulando imensas experiências e histórias com as quais aprendemos. É uma colecção de erros que superamos e vitórias das quais nos orgulhamos. São aqueles momentos dos quais nos lembramos nos transportes públicos e não deixamos de esboçar um sorriso. É a nossa vida a vir ao de cima em constante rotação. São as nossas memórias. <br />As memórias consistem, a nível prático, em tudo o que aprendemos ao longo da vida desde o nosso primeiro suspiro. Permitem-nos progredir na vida académica e profissional. São aquilo que faz com que possamos ter uma conversa coerente com alguém tendo como base os nossos conhecimentos. Poderão ser aquilo que nos permite apresentar razões válidas para justificar um ponto de vista ou escrever uma crítica. É ver para crer e lembrar para escrever.<br />As memórias não têm preço. Dão valor a qualquer coisa mesmo a mais insignificante. Valor que também pode ser imposto aos outros. O preço de um DVD vale o que uma cadeia de lojas lhe dá mas poderá descer para metade uns meses mais tarde. É um valor que compramos e que nos foi imposto. Porém, e já que mencionamos o perda de valor, um livro com páginas amarelas e de aspecto gasto poderá parecer «lixo» para uns e valer ouro para um coleccionador ávido.<br />Os objectos não passam de objectos. É o valor induzido ou que lhes atribuímos que lhes dá valor. Isso tanto é aplicável à 'mega-edição-de-luxo-com-extras' de um DVD como aos retratos de família que se encontram pela nossa casa. São memórias, lembram-nos histórias e essas sim, não têm preço. <br />E isso traz-me de volta à razão deste texto: a perda de memória. A notícia é grave pois, segundo o estudo, a população está a perder a memória cada vez mais cedo. Assusta-me imenso pensar que daqui a uns 20 ou 30 anos, tudo aquilo que fizemos, todos aqueles que conhecemos, poderão tornar-se sombras, poderão desaparecer no vazio. Nascemos com nada e morreremos sem nada. <br />Gosto de acreditar que um dia, quando esse dia chegar, possa recuar todos os anos percorridos e lembrar-me de tudo, de todos e de todas as peripécias, das mais nobres às mais hilariantes. Não sei se a escrita ajuda, mas se assim for, espero não perder o pouco hábito que tenho de o fazer. Recordar é viver.André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-17494951484052275012011-12-19T17:03:00.000-08:002012-01-20T19:02:01.993-08:00Sobre a Identidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-7gtmLe3pTPM/TxoaLsvCBAI/AAAAAAAAACo/QH2FoVfk0-8/s1600/zelig+screens+5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="216" src="http://1.bp.blogspot.com/-7gtmLe3pTPM/TxoaLsvCBAI/AAAAAAAAACo/QH2FoVfk0-8/s320/zelig+screens+5.jpg" width="320" /></a></div><br />
Há uns dias tive a oportunidade de ver o filme «Zelig» de Woody Allen. De início não me tocou. Foi só passado algum tempo de que me apercebi do seu valor.<br />
O filme é um documentário falso centrado na primeira metade do século vinte e retrata a vida de Zelig, o «Homem Camaleão». Zelig (Allen) nasceu com uma doença psicológica que fez com adapte o seu comportamento consoante o grupo em que está inserido, mas a um nível extremo. Por outras palavras, se ele se encontrar com médicos, políticos ou padres irá agir como se também o fosse na perfeição. <br />
Ao longo do filme iremos aperceber-nos de que ele transforma-se inconscientemente porque apenas quer estar inserido na sociedade. Só quer o afecto do próximo. Isto ao ponto de perder a sua identidade por completo. A simples ideia de imaginar tal desdobramento de personalidades lembra-nos o nosso Pessoa. Também ele foi capaz de nos criar um guardador de rebanhos, um engenheiro, um médico e um ajudante de guarda-livros.<br />
O clímax é atingido quando Zelig é temporariamente curado após múltiplas peripécias mas, a custo da fama, acaba por não conseguir lidar com a pressão e foge do país. Encontramo-lo no Vaticano onde se converte em Papa e mais tarde na Alemanha onde se transforma num soldado nazi. Há que sublinhar que Zelig não acredita na ideologia. Ele apenas quer estar junto do seu 'rebanho' onde estará seguro (novamente a lembrar Pessoa). No final, ele acaba por se curar por completo e adquire autonomia, pensamento crítico e uma personalidade singular. <br />
Para concluir, o filme ensina-nos a não deixarmos de ser nós mesmos. Através de alguma comédia e sátira, Allen mostra o quão perigoso pode ser o poder da multidão e do conformismo.André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-59986122133940741052011-08-25T04:13:00.000-07:002012-01-20T18:28:48.154-08:00FantasmasSe pudesse seria nómada. Sentir aquela necessidade de estar em constante movimento e aprendizagem. Recentemente tive a oportunidade de conversar com uma amiga que me disse meio a brincar que eu teria tanto orgulho no meu currículo que seria enterrado com ele: seria a minha obra de vida.<br />
Ultimamente tenho sentido uma certa incerteza acerca daquilo que gostaria de fazer na vida. Devido aos elevados valores de desemprego no país e à minha forte vontade de ter sucesso sou pressionado pelo meu subconsciente a estar constantemente na demanda de cursos e actividades que tanto me poderão servir para adquirir competências a nível profissional como para preencher o currículo e posteriormente encaminhar-me para um emprego no qual me sentirei feliz e realizado.<br />
Para mim a felicidade surge quando estou a contribuir para o meu bem-estar e acima de tudo para me sentir produtivo. Todas as outras aptidões e interesses aparecem depois quando já terei essa fase definida.<br />
Recentemente, num programa de televisão das manhãs, ouvi um psicólogo referir que o caminho para o «meu» emprego surge a partir do momento em que invisto em algo que gosto e em que acredito. Um dos exemplos em concreto que surgiu no mesmo programa foi o de uma jovem que se formou em Direito e teve a oportunidade de encontrar um emprego na sua área num supermercado, mas que há cerca de dois anos começou a especializar-se na confeitaria de bolos e sobremesas. <br />
Trata-se de um <i>hobby</i> que surgiu por mero acaso e que se tornou num «doce» complementar na vida da jovem. A mesma disse que se pudesse largava o emprego actual para investir no seu <i>hobby</i> tornando-se em algo sério, mas é sempre um risco deixar algo estável trocando por algo novo. Nos dias que correm é difícil investir nos sonhos mas ainda há quem o consiga.<br />
O meu problema neste momento é encontrar a minha «paixão», aquilo que realmente me agrada e que pretendo explorar. Consigo enumerar algumas coisas que gosto de fazer: ler, aprender e aplicar conhecimentos de algumas línguas e acima de tudo comunicar. Também gosto de escrever ocasionalmente. Ao dizer isto não quero dar a entender que domino quaisquer destas actividades. Mesmo a leitura, a boa leitura, deve ser feita com rapidez e simultaneamente uma boa compreensão das ideias do autor.<br />
Penso que um bom caminho para encontrar essa «paixão» será em tentar coisas novas. Viajar é um factor de inspiração. Acredito que conhecer novas culturas e locais enriquece imenso uma pessoa. Quando me refiro a conhecer não é através de documentários ou séries de televisão, mas sim em estar no local, observar e interagir com os nativos, provar os seus pratos, percorrer as suas famosas avenidas, visitar os seus museus, admirar as mais belas paisagens que para eles fazem parte do quotidiano mas que para mim ajudam a encher a minha «bagagem» de conhecimentos.<br />
É talvez por isso que não me agrada estar em casa imenso tempo. Sinto que apesar de saber que o meu quarto sempre existirá como albergue todas as vezes que regressar de Lisboa após uma saída com amigos e de contar com a presença dos meus familiares como conforto, não me encontro a «evoluir», a aproveitar bem o meu tempo. E quanto mais tempo estou nessa rotina menos energia tenho para tentar coisas novas, apesar de continuar com vontade de as fazer.<br />
No extremo oposto, quando surge uma oportunidade de ter algo que fazer, os meus sentidos despertam. Regressa a vontade de tentar algo novo mesmo que sobrecarregue o meu horário diário. Apesar de me poder prejudicar sinto-me feliz pois provo a mim mesmo que consigo aproveitar bem o tempo se assim o desejo. Mas para tal é necessário encontrar a minha «paixão» e se ainda não surgiu este preenchimento de horário surge como veículo para tal.<br />
Um amigo meu disse-me recentemente que o homem na vida é como um fantasma: desde que nasce percorre as várias fases académicas, chegando ao ensino superior e completa a sua licenciatura ou mestrado, mas no final não sabe realmente o que quer fazer. Concordo com ele, apesar de felizmente nem todos os jovens passarem por essa sensação. Somos como <i>zombies</i> que despertam mal saem da faculdade. Queremos fazer algo mas não sabemos bem o quê. A dificuldade impõe-se quando muitas portas se fecham num país com alta taxa de desemprego. Com Bolonha o ensino superior diminuiu de cinco para três anos criando a ideia de que uma licenciatura por si só já não chega. A vantagem é que os estudantes têm a hipótese de variar a sua formação caso decidam avançar para um mestrado. Podem mudar de curso ou de universidade e aprender novas maneiras de pensar assim como também novos conteúdos, se bem que num período mais curto.<br />
Acredito cada vez mais que o homem deve ser autodidacta. É de valorizar o professor que nos motiva a estudar a matéria mas ainda mais pegarmos num livro por nossa própria vontade e partir à descoberta. Em termos de currículo infelizmente ainda nos pedem um certificado que prove o interesse ou a mestria em algo, levando muitos «fantasmas» a inscreverem-se em cursos independentemente do preço e a fazerem-nos sem interesse no conteúdo mas a valorizarem acima de tudo o famigerado certificado que surge após a conclusão do mesmo. O que critico não é a inscrição nos cursos mas sim não tirar proveito dos mesmos e apenas «pagar pelo documento ou título».<br />
Acredito que o caminho para a «paixão» surja com o tempo e a auto-descoberta. Se há algo que aprendi é que as oportunidades surgem quando menos esperamos, temos é de estar preparados para elas. Convém nunca estarmos parados e procurar aproveitar o tempo da maneira mais produtiva. Tal aproveitamento fica ao critério de cada um. O que procuro é eliminar o «fantasma» ou «<i>zombie</i>» que existe dentro de cada um de nós, mas por vezes é difícil, muito difícil...André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-73495567952514089992011-07-21T11:32:00.000-07:002012-09-02T11:46:10.244-07:00Análise: Super Bock Super Rock 2011Recentemente tive a oportunidade de ir ao festival de verão Super Bock Super Rock que já vai na sua 17.ª Edição. O festival contou com um cartaz de luxo para quem gosta do <i>rock</i> alternativo e esteve situado pela segunda vez perto da praia do Meco.<br />
Parece que a organização do evento juntou todos os ingredientes para uma verdadeira receita de sucesso para os amantes deste género de música. Para além desta informação aliciante, também existiu um espaço gratuito para os amantes do campismo.<br />
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<b>Dia 13</b><br />
Apesar de o evento só começar oficialmente no dia 14, o campismo já abria as portas na véspera dando início à corrida ao Meco para garantir um bom lugar para montar a tenda e desfrutar do festival. Segundo a organização o espaço de campismo tinha sido alargado e tinham sido feitos esforços para evitar a poeira em demasia que se criava durante os espectáculos.<br />
Muito longe do recinto, já se podia avistar uma multidão enorme de pessoas na Praça de Espanha em Lisboa, para apanhar os autocarros que levavam as pessoas ao festival. O processo acabou por ser demorado com enormes filas para tão poucos autocarros acabando as últimas pessoas por ter de esperar umas 3 horas até conseguir chegar ao festival. Tive a sorte de não ter sido dos últimos mas quando lá cheguei encontrei o espaço de campismo completamente cheio, já só com alguns espaços aqui e ali em locais pouco acessíveis. Os campistas ainda puderam contar com uma sessão de recepção no final da noite aos sons techno da Tenda Electrónica.<br />
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<b>Dia 14</b><br />
O primeiro dia do festival começou bem. Com um cartaz que ondulava entre a música suave e a mais mexida, os campistas apressaram-se a regressar da praia do Meco para vir assistir a Sean Riley and the Slowriders. Tinha alguma curiosidade em vir assistir a este concerto pois já os tinha visto o ano passado no Optimus Alive mas infelizmente encontrava-me noutra área do festival tendo só conseguido chegar ao palco principal quando começaram a actuar os Walkmen. Desconhecia esta banda, mas para resumir pode-se dizer que foi um bom concerto apesar de ter tido pouco feedback pela parte do público que guardava a energia para os cabeças de cartaz. Em seguida surgiram os The Kooks que animaram a multidão ao som de temas já aceites pelo público como «<i>Seaside</i>» ou «<i>She Moves in Her Own Way»</i>. Depois de Kooks surgiram os mais relaxados Beirut que ajudaram a acalmar um pouco os ânimos da multidão que se preparava ansiosamente para soltar toda a energia contida no concerto seguinte. Infelizmente não pude ir ver Lykke Li no Palco EDP, uma revelação feminina relativamente recente, mas segundo a opinião de alguns amigos e algumas críticas que pude ler, o seu concerto foi mesmo muito bom. <br />
Quando os relógios de pulso já marcavam as 00:45 eis que surge Alex Turner o vocalista dos Arctic Monkeys ao som de «<i>Reckless Serenade</i>» e depois a clássica e poderosa «<i>Brianstorm»</i>. Nesta altura o público já não se continha e saltava e gritava alto as letras da músicas levantando nuvens de poeira no ar. Perante a atitude distante do vocalista e no meio de muitos empurrões e encontrões a primeira noite foi um sucesso para os fãs do género.<br />
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<b>Dia 15</b><br />
Após um bom dia de praia já se ouve um rock com alguma mexida no Palco EDP ao som de L.A. mas acabo por me dirigir para o Palco Principal onde já estão Rodrigo Leão e a orquestra Cinema Ensemble. Este foi um concerto de música instrumental onde o artista, sempre solidário, dedicou uma música aos doentes com esclerose múltipla. Em seguida ainda regressei ao Palco EDP para assistir ao concerto de B Fachada, um artista já apadrinhado pelo público. Infelizmente, devido a não me encontrar muito próximo do palco e a uma má acústica foi quase impossível compreender as letras das suas canções, o que falhou muito porque para mim a sua música rende mais pela poética na letra e não no ritmo em si. Regressando ao Palco Principal ainda consegui apanhar o final do concerto dos The Gift por debaixo de uma chuva de confettis. <br />
E eis que o público já se preparava para os dois colossos da noite: Portishead e Arcade Fire. Surgem então os Portishead num ritmo suave acompanhados por deslumbrantes vídeos criativos em sincronia com cada canção. Foi um belo momento da noite onde se ouviram clássicos como "Over" e "Humming" onde o público independentemente da idade cantava as letras em uníssono com a vocalista. <br />
Após alguma espera o público depara-se com o palco montado a imitar um cinema dos anos 50 com um letreiro com a mensagem: <i>Coming Soon: The Arcade Fire</i>. E fazendo jus ao enunciado eis que chega a banda tão esperada abrindo a sessão em grande com «<i>The Suburbs</i>» perante fortes aplausos e gritos do público. É impressionante como os Arcade Fire conseguem trazer algo mais para um concerto tornando-o único: para além de todos os membros conseguirem tocar mais de três instrumentos e de o vocalista brindar o público com a sua simpatia fazendo piadas com o facto do último concerto em Portugal ter sido cancelado, também temos direito a todo um processo criativo para tornar o concerto uma verdadeira sessão de cinema com a emissão de vídeos criativos ao longo das músicas. Foi um concerto onde literalmente ninguém ficou imóvel e todos cantaram, uma alegria injectada nos corpos que lhes dava energia para continuar a saltar e a esquecer todo e qualquer problema. Ninguém ficou indiferente e no final ficou a sede por mais. <br />
No final da noite ainda tive tempo de me deslocar novamente ao Palco EDP ao concerto dos Chromeo, uma mistura de rock indie e música techno que agitou o público mais resistente ao sono. Foi um bom concerto e fiquei com curiosidade de explorar melhor a música deles.<br />
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<b>Dia 16</b><br />
O último dia ficou marcado por uma variedade de públicos que se transformava consoante o artista. Foram os X-Wife que estrearam o Palco Principal. Já os conhecia e tinha intenções de os ver, infelizmente o dever veio primeiro, tendo ouvido as suas músicas enquanto me juntava aos restantes campistas que lavavam a loiça do jantar. Quando cheguei ao palco já lá estava Brandon Flowers, o vocalista dos The Killers, rodeado de um público maioritariamente feminino. Não sendo particularmente fã deste artista tenho de admitir que tem uma grande força na voz, gritando imenso em tom agudo mas quase nunca ficando ofegante. Em seguida surgem os Elbow, uma banda que desconhecia e que já não regressava a terras lusas à cerca de 10 anos. Mas não foi a longa ausência que impediu o vocalista de assumir uma atitude familiar e brincar com o público que aderiu, cantando e mexendo os braços a seu pedido por entre brincadeiras. <br />
Mais uma vez é o momento dos pesos pesados da noite: Slash e The Strokes. Surgem movimentos no meio do público quando se avista uma nuvem preta que se aproxima da frente do palco. Não é pó mas sim os fãs de Slash com <i>t-shirts</i> dos Guns N' Roses e de outras bandas parecidas. E eis que aparece a figura lendária do rock n' roll perante um público em êxtase, com a sua cartola preta e óculos escuros. Ao som dos primeiros acordes ninguém consegue ficar contido, abandonando-se toda a racionalidade e controlo aos sons de um rock nostálgico. Um dos momentos que marcou a noite foi sem dúvida todo o recinto do festival cantar a letra de «<i>Sweet Child O' Mine</i>» um clássico dos Guns e uma verdadeira canção de culto.<br />
Foram os The Strokes que fecharam o Palco Principal. Em frente a um Julian Casablancas de óculos escuros mas com uma atitude brincalhona, o público dançou, gritou e saltou ao som dos clássicos «<i>Last Nite</i>» e «<i>Reptilia</i>» mas também mostrou que sabia as letras das canções mais recentes como «<i>Machu Picchu</i>» e «<i>Under Cover of Darkness</i>». Apesar de a banda não ter feito encore acabou por tocar o essencial e o público saiu do recinto mais do que satisfeito.<br />
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Após esta edição ter terminado só tenho pena que houvessem algumas falhas a nível da organização. Apesar das promessas em aumentar a área para acampar e de diminuir o nível do pó, a verdade é que as condições ainda deixam muito a desejar. O próprio espaço do recinto deveria aumentar pois ao final da noite era muito difícil andar em liberdade no meio de uma multidão contida em quatro paredes. Para um cartaz espectacular exigem-se condições espectaculares e os fãs merecem isso!André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-53421531550285867312011-07-08T11:31:00.000-07:002012-01-20T18:43:33.249-08:00Letras e NúmerosApós a extinção do Ministério da Cultura comecei a aperceber-me com mais ênfase de certas coisas. É desde a nossa infância que começamos a escolher aquilo que queremos ser. Ao longo do caminho vamos adquirindo mais conhecimento e experiências e moldamos aquilo que realmente é o nosso ser, os nossos gostos. Por outras palavras, em geral quando somos pequenos somos aconselhados por muitas pessoas sobre o que está certo e o que está errado, muitas vezes apercebendo-nos disso mais tarde por experiência própria. <br />
Mas em certa altura, já na fase da adolescência existe uma ponte de separação. Ao chegarem os exames nacionais do 9.º ano somos obrigados a escolher se o que realmente nos interessa são as letras, as línguas, as histórias, as filosofias, as geografias, ou, por outro lado, as matemáticas, as ciências, as medicinas, as gestões, as informáticas e por aí adiante. De certa maneira fala-se das letras e dos números e... da teoria e da prática?<br />
Não tenho nada contra quem prefere o segundo caminho, até porque sempre tive curiosidade em enveredar pela área da Gestão, mas entristece-me consultar regularmente os classificados tanto virtuais como em papel e deparar-me apenas com posições para «m<i>arketeer</i>», «gestor», «engenheiro informático». Pergunto-me que mundo é este onde se menosprezam as Humanidades, as artes que servem como as bases do ser humano?<br />
Compreendo que em tempo de crise devam haver cortes e reduzir-se ao «essencial». Uma vez que vivemos numa era cada vez mais globalizada e virtual não é de espantar a procura por trabalhadores na área da informática assim como de <i>marketeers</i> para estabelecerem planos de venda dos produtos aos consumidores aumentando assim os valores de exportação do país.<br />
Mas o que poderá vir a acontecer e creio que já poderá estar a acontecer será que, quer através de influências dos pais ou não, as futuras gerações de estudantes irão começar a evitar estudar nas áreas das Humanidades. Irá haver uma fuga para as áreas de «maior sucesso» e possibilidade de emprego, todas dentro do núcleo dos números.<br />
Não sou escritor, e ainda não domino por completo as letras, mas estimo imenso tudo o que relacione com cultura, arte, escrita. Entristece-me saber que muitas pessoas que estudam Línguas e Culturas, Tradução, Jornalismo, Comunicação e Geografia, entre outras, tenham tantas dificuldades em dar o primeiro passo na sua carreira profissional. Em geral são pessoas com sonhos que têm tanto direito como qualquer outro.André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-26268209437963183942010-04-13T14:47:00.000-07:002012-01-18T16:50:27.004-08:00Músicopédia - Uma IntrospecçãoNão sou o que se pode chamar um "music geek" mas ultimamente tenho pensado um pouco nisto. Longe vão os tempos em que era pequeno e vibrava com o "Bicho" do Iran Costa, "Barbie Girl" dos Aqua, e outro e qualquer tipo de músicas pop que agradavam ao público em geral que agora simplesmente evito e gozo com quem gosta.<br />A minha vida, o meu longo percurso de gostos musicais tem mudado, evoluído, tantas mas tantas vezes. Creio que isso é bom. Isso aconteceu quer por influências dos vários grupos que conheci ao longo do meu crescimento, quer por auto-descoberta. E ainda hoje em dia dou por mim a "surfar" no Youtube ou noutros sites de partilha de música procurando novidades, coisas que desconheço e anseio dar uma olhada. Há quem não lhe interesse, mas eu acabo por me entreter em escutar todo o tipo de albums e "pescar" algo no meio das minhas buscas. E pega-se nos albums, escolhe-se, retira-se, e no final lá tenho eu um artista favorito pelo menos durante uns tempos. <br />A vida é mesmo isso, um longo caminho de aprendizagem. É a pesquisa, recolha e selecção de faixas que mais tarde partilhamos com os nossos amigos, com aquele alguém bem especial, e quem sabe mais tarde com os nossos filhos. No meu caso não será a última vez que dou uma vista de olhos à enorme colecção de CD's que se amontoam cá em casa, assim como aos diversos LP's e discos que o meu pai armazena na sala. <br />Mas mudar de gostos não é necessariamente ignorar ou detestar os anteriores. Trata-se da descoberta, isso sim é o que interessa. Há quem se limite a um género e se mantenha fiel a ele para toda a vida. É de respeitar e louvo quem o faz, mas prefiro variar. Acabo sempre por enjoar de algo se oiço durante muito tempo, e ao tentar coisas diferentes acabo por poder saber mais acerca de diversas àreas e géneros. <br />A piada vem quando uma pessoa conhece todo o tipo de pessoas ao longo da vida. Quando te perguntam "Então de que grupos gostas?", "Qual é o teu género?", "Curtes este e/ou aquele?", as respostas podem variar desde o neutro "Ah, gosto um pouco de tudo." para "Este <i>género</i> claro!! Não se está mesmo a ver?!". E pode de facto estar visível se a pessoa usar rastas, um boné de lado e roupa larga, ou o cabelo em pé com uma coleira no pescoço e se vestir de preto. Mas esta questão do aspecto versus realidade na música vai dar à questão dos estereótipos sobre a qual não me queria aprofundar muito. Simplesmente há casos e casos. Conheci uma pessoa que usava as ditas rastas e era completamente adepta do "metal". Tento não ir por aí. Claro que quando vemos uma legião de fãs vestida de preto é fácil deduzir que algo forte esteja envolvido, como foi o ano passado no dia de Metallica no "Optimus Alive". De qualquer forma nunca fui muito de me vestir à imagem do que oiço, pelo menos não no quotidiano.<br />Os meus gostos foram bem variados ao longo da vida, ou seja, também tive as minhas fases. Neste momento ando a explorar a onda <i>techno</i>, mas não é caso para se pensar que sugo tudo o que seja "dançante" e evite baladas, rockalhadas, e até "folkalhadas". Sempre há aquela nostalgia ao ouvir uma música que já não oiço há imenso tempo num filme, numa série, e recordar do que sentia nessa altura. Noutro aspecto, no da cultura musical, é interessante também apenas ouvir falar da dita música num diálogo e entrar em consenso ou desacordo com o personagem. No fundo entender o seu ponto de vista torna-se mais fácil quando se compreende do que fala. Há uns bons anos podia ouvir esse mesmo diálogo e essa informação passar-me-ia completamente ao lado. <br />Resumindo, a música, tal como o cinema, a leitura e até o desporto, é apenas mais um conjunto de arquivos de cultura que se tornam cada vez mais acessíveis hoje em dia graças às novas tecnologias. Pode-se de facto tornar num vício. Se assim for creio que sou viciado. Mas sejamos realistas, de que valia uma vida completamente no silêncio?André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-22134749908066765092010-04-05T16:33:00.000-07:002012-01-18T16:50:27.019-08:00Sad but True<object width="480" height="385"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/mGz6NdLBF2Y&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/mGz6NdLBF2Y&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object><br /><br /><br />Este é um excerto da brilhante série "Californication" protagonizada pelo actor David Duchovny muito conhecido pelo seu papel como o agente Fox Mulder da mítica série "Ficheiros Secretos". <br />A série em si pode ser encarada como uma comédia negra e não há um episódio que não me faça soltar pelo menos uma boa gargalhada. No entanto também existem momentos de drama baseados em situações da vida real que por vezes surgem do nada mas genialmente surtem o efeito desejado (de notar a relação do pai com a filha). <br />Neste excerto, Hank Moody, o personagem principal, é entrevistado para a rádio acerca do que tem feito ultimamente. Nesta parte da entrevista ele dá a sua opinião acerca do mundo de hoje em dia, coberto de bites e bytes, onde as pessoas por vezes se esquecem da escrita de tinta e papel e viram-se para os blogues, os twitters e adiante. Também fala sobre os novos neologismos utilizados hoje em dia como o "LOL" e o "LMFAO", uma linguagem que para ele é como se fosse dos homens das cavernas.<br />Não é que Hank Moody tenha uma mente completamente fechada. Ele sabe que tem de se adaptar para enfrentar as exigências do mercado (numa dada altura vê-se mesmo forçado a escrever no seu blogue para um trabalho), mas se tiver de escolher entre a velha máquina de escrever no canto e o blogue, nem pensa duas vezes. O mesmo se passa com as múltiplas estantes de livros que tem pela casa. <br />Resumindo, apesar de parecer um homem completamente despreocupado para dizer o mínimo na série, também consegue balançar esse lado com o elevado nível de cultura que tem, acabando por ser beneficiado em ambos os sentidos com resultados muitas vezes hilariantes.André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-61801024967545100452010-03-21T09:20:00.001-07:002012-03-02T16:55:49.785-08:00Abram alas para o Império do SolNa semana passada descobri os "Empire of the Sun" e mal comecei a escutar o primeiro e único álbum deles até à data foi amor à primeira vista. Do principio ao fim sou coberto de ondas, não, autênticas marés de relaxamento.<br />
Para quem desconhece e se quer aventurar, experimente desligar todas as luzes, deitar-se e simplesmente deixar-se levar pelos ritmos celestes. Na nossa mente quase que somos transportados para outro mundo, muito aos critérios da imaginação de cada um. No meu caso, estava na minha cama, mas bem podia estar num descampado deitado na erva a ver as estrelas. Simplesmente fantástico.<br />
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Aqui fica um video da mais conhecida deles:<br />
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<object height="385" width="480"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/PGUU7CiK7YU&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/PGUU7CiK7YU&hl=pt_BR&fs=1&color1=0x3a3a3a&color2=0x999999" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="480" height="385"></embed></object>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-13697505260866244692008-09-21T05:33:00.001-07:002012-03-02T17:01:59.495-08:00Nas linhas da minha mão<div style="text-align: justify;">Nas linhas da minha mão escrevo tudo aquilo que em papel não consegui. Escrevo como é belo o imenso verde das florestas, com os seus caminhos de terra escura, as mais altas montanhas, o horizonte do campo.</div><br />
Por detrás dele estão as praias de areia branca, e mais adiante, o mar, aquele manto azul de que me recordo tão bem.<br />
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Avanço mais um pouco e eis que após alcançar nova margem deparo-me com as sombras dos prédios que tão bem conheço. Uma metrópole de cultura sobre um chão acinzentado. Chego às colinas do campo e por cima desse conjunto de casas e casinhas encontro a Lua que me brinda com uma noite calma.<br />
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Já no meu quarto, com a luz acesa, escrevo isto ao mesmo tempo que penso...<br />
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... como Amo Portugal.André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-13657406690963887552008-09-13T10:04:00.002-07:002012-03-02T17:18:02.024-08:00Trace - Capítulo 4“Mas que tem ela?” – perguntou Trace, num tom de voz hesitante, como que antevendo o pior. <br />
“Eu sou um homem de negócios meu bom homem…” - Notou-se um certo tom de arrogância na sua voz - “e sei que no passado ambos tivemos as nossas divergências, mas também as nossas razões…”<br />
Aproximou-se de Trace mas já não o olhava nos olhos, avistava o prédio em frente cuidadosamente. <br />
“Portanto vejo-me obrigado a recorrer a si, sei que se tem saído bem naquilo que faz.” - Disse ele.<br />
“Há uns anos meu caro, há uns anos. – Suspirou Trace - Mas que pretende?”<br />
“Como já lhe disse, preciso da sua ajuda. Pondo certos acontecimentos do passado de lado, gostaria de o contratar para manter a minha filha de olho.”<br />
“E porquê?” – disse Trace em tom trémulo, mas tentou guardá-lo para si – “Pensei que eu Seria a última pessoa a quem pedisse tal coisa.”<br />
“Dadas as circunstâncias… penso que esta seja a melhor opção. Um homem também por vezes erra… certos acontecimentos levaram-me a meditar.”<br />
“Por outras palavras?” – Trace tentou manter-se neutro perante tal argumento. O homem claramente mostrava-se abalado com algo, notava-se pelo seu discurso pouco fluente. E que teria acontecido a Ana? A resposta surgiu instantaneamente.<br />
“Penso que a minha filha corre perigo de vida.” – Disse.<br />
“O que o leva a pensar isso?” – Disse Trace, o tom de nervosismo agora mais presente na sua voz.<br />
“Um dos meus seguranças diz que a viu com um homem, e parece que mais que uma vez. É provável que estejam… envolvidos. Quero que investigue esse homem, o que faz, onde vive, com quem se dá.” – Baixou a sua voz – “É apenas uma suspeita, mas creio que ele poderá estar a agir sobre a ordem de terceiros. Gostaria que confirmasse isso.”<br />
Trace inspirou fundo. Era demasiada informação a entrar-lhe na cabeça muito rapidamente. – “Mas porquê eu?”<br />
“Pense… você conhece a minha filha. Bem, conheceu, antes de… enfim…”<br />
“Sim…” <br />
“Avancemos… conhece os seus hábitos, maneira de ser. Sei que a via muitas vezes. Também lhe posso dizer que durante muito tempo ela não pôde recuperar da sua perda. Acabei por me tornar num mau pai. No fundo eu compreendia-a, mas agia para o seu bem. Também lhe posso dizer que você não foi o primeiro, mas foi também aquele que mais lhe afectou.”<br />
“Sim…” – Trace manteve-se imóvel. A sua experiência do ofício ensinou-o a afastar os sentimentos no trabalho. Doía menos, muito menos, acabando por ser vital.<br />
“Proponho-lhe a segui-la numa noite e a observá-los. Sei que ela se encontra com ele pelo menos uma vez por semana. Tente saber tudo sobre ele. O que achar relevante. Transmita-me depois. Pagar-lhe-ei bem. Aceita?”<br />
Seguiram-se alguns minutos de silêncio onde só se ouvia o vento do exterior.<br />
“Tudo bem. Farei o que puder. Sei que é um homem de palavra.”<br />
“Pode confiar em mim.” <br />
Apertaram as mãos. Tirou um cartão da mesa de Trace.<br />
“Ligar-lhe-ão ainda hoje.”<br />
“Estarei à espera.”<br />
O robusto homem virou-lhe as costas e saiu fechando a porta com força. Ouvia-se o som de passos a descerem as escadas.<br />
O que terá levado a tão rápida aceitação do trabalho por Trace? A ausência de clientes já há muito notada, ou a ausência de algo maior que isso?André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9184209948105941669.post-50713582993781819732008-08-25T14:46:00.001-07:002012-03-02T17:03:51.109-08:001 + 1 = 5<div style="text-align: justify;">Com um pedaço de criatividade, qualquer pessoa se pode tornar num avião, um carro, um polícia, um peixe. Mas com vários pedaços de outras coisas como o afecto, esse sentimento dourado e quente que nos aconchega à noite, acabamos por ser muito melhores do que pensávamos ser.</div><div style="text-align: justify;">Há que levantar o queixo e, tal e qual a plasticina, moldar os nossos sentimentos, numa massa de felicidade, apenas partilhada com aqueles de quem gostamos.</div><div style="text-align: justify;">Podemos ser o tal avião, o carro, o polícia, o peixe, mas somos isso tudo sob o olhar atento daquela pessoa de quem respeitamos. Tal é a mente da criança lançada a um mar à descoberta.</div><div style="text-align: justify;">Nunca podemos perder esses dons, esses pedacinhos de criatividade, pois sem eles não se criavam tantas coisas que vemos hoje em dia.</div>André Carvalhohttp://www.blogger.com/profile/07659611212338723751noreply@blogger.com1