sexta-feira, 8 de julho de 2011

Letras e Números

Após a extinção do Ministério da Cultura comecei a aperceber-me com mais ênfase de certas coisas. É desde a nossa infância que começamos a escolher aquilo que queremos ser. Ao longo do caminho vamos adquirindo mais conhecimento e experiências e moldamos aquilo que realmente é o nosso ser, os nossos gostos. Por outras palavras, em geral quando somos pequenos somos aconselhados por muitas pessoas sobre o que está certo e o que está errado, muitas vezes apercebendo-nos disso mais tarde por experiência própria.
Mas em certa altura, já na fase da adolescência existe uma ponte de separação. Ao chegarem os exames nacionais do 9.º ano somos obrigados a escolher se o que realmente nos interessa são as letras, as línguas, as histórias, as filosofias, as geografias, ou, por outro lado, as matemáticas, as ciências, as medicinas, as gestões, as informáticas e por aí adiante. De certa maneira fala-se das letras e dos números e... da teoria e da prática?
Não tenho nada contra quem prefere o segundo caminho, até porque sempre tive curiosidade em enveredar pela área da Gestão, mas entristece-me consultar regularmente os classificados tanto virtuais como em papel e deparar-me apenas com posições para «marketeer», «gestor», «engenheiro informático». Pergunto-me que mundo é este onde se menosprezam as Humanidades, as artes que servem como as bases do ser humano?
Compreendo que em tempo de crise devam haver cortes e reduzir-se ao «essencial». Uma vez que vivemos numa era cada vez mais globalizada e virtual não é de espantar a procura por trabalhadores na área da informática assim como de marketeers para estabelecerem planos de venda dos produtos aos consumidores aumentando assim os valores de exportação do país.
Mas o que poderá vir a acontecer e creio que já poderá estar a acontecer será que, quer através de influências dos pais ou não, as futuras gerações de estudantes irão começar a evitar estudar nas áreas das Humanidades. Irá haver uma fuga para as áreas de «maior sucesso» e possibilidade de emprego, todas dentro do núcleo dos números.
Não sou escritor, e ainda não domino por completo as letras, mas estimo imenso tudo o que relacione com cultura, arte, escrita. Entristece-me saber que muitas pessoas que estudam Línguas e Culturas, Tradução, Jornalismo, Comunicação e Geografia, entre outras, tenham tantas dificuldades em dar o primeiro passo na sua carreira profissional. Em geral são pessoas com sonhos que têm tanto direito como qualquer outro.

2 comentários:

  1. Creio que muitos começam a "escolher" aquilo que os pais querem que eles escolham.

    Obrigado pelo Follow, Keep up

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  2. As pessoas precisam de definir as suas prioridades, mais que isso, quando digo pessoas, digo quem está no poder. É muito triste o que está acontecer, mas às vezes podemos ter sorte.

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