terça-feira, 3 de abril de 2012

Crítica: O Náufrago


O Náufrago é um filme com a assinatura de Robert Zemeckis, conhecido pela trilogia de Regresso ao Futuro. A obra, apesar de ter um enredo simples, tem o efeito de colocar o espetador a pensar acerca da sua própria existência e do valor que pode dar às suas condições de vida.
O filme conta a história de Chuck Noland (Tom Hanks), um funcionário da rede de entrega de mercadorias FedEx. Chuck é completamente obcecado com o tempo, vivendo e respirando para o seu ofício, acabando por negligenciar a relação que tem com Kelly, a sua namorada (Helen Hunt). A vida de Chuck sofre uma reviravolta quando o avião em que viaja é apanhado numa violenta tempestade e despenha-se perto de uma ilha algures no oceano Pacífico… sendo ele o único sobrevivente.
É irónico que o homem para quem cada segundo contava tinha agora todo o tempo do mundo. Chuck perdeu o sinalizador do barco salva vidas e encontrava-se agora isolado numa ilha deserta contando apenas com as suas roupas e alguns caixotes da FedEx que vieram dar à costa. Ele abre todas as embalagens excepto uma. O filme é claramente uma versão moderna da história de Robinson Crusoé. A partir de este momento o enredo centra-se na adaptação da personagem às condições mais básicas de vida sem qualquer acesso à electricidade ou à tecnologia.
Chuck representa qualquer um de nós e como agiríamos se nos encontrássemos em tal desaire. É curioso ver o progresso que a personagem faz ao longo dos meses desde o esforço que demonstra para abrir um côco até descobrir como fazer fogo para se aquecer. A única amizade que Chuck faz durante o seu isolamento é com uma bola de voleibol à qual chamou de Wilson. O objecto serve como o seu companheiro inanimado para quebrar o isolamento que sente.
Passados quatro anos, encontramos Chuck sob uma forma completamente radical. Tem cabelos longos e grisalhos, está mais magro, mas as suas habilidades e técnicas físicas estão mais apuradas que nunca. Após ter desaguado na praia parte de uma casa de banho portátil ele nem pensa duas vezes. Chuck mostra a sua mestria terminando a construção de uma jangada sólida usando a cobertura da casa de banho como vela. Mal termina o projeto, lança-se ao mar contando apenas com a “companhia” de Wilson… e consegue escapar da ilha.
O caminho de regresso foi duro, acabando por perder o seu “companheiro” no meio de outra tempestade. De sublinhar a reação de desespero de Chuck quando perde o seu amigo, voltando a sentir-se só... Felizmente, acaba por ser resgatado por um cargueiro e trazido de volta para os Estados Unidos, o país que o tinha dado como morto.
Contudo, a visão de Chuck mudou, ele não quer ser um herói, apenas anseia rever a sua amada. O momento do reencontro é adiado e ele apercebe-se que a situação já não é a mesma. Kelly constituiu família com outra pessoa e tem uma filha. A paixão de ambos ainda persiste mas sabem que é impossível continuar sem prejudicar o seu núcleo familiar.
Na reta final encontramos Chuck preocupado em devolver a embalagem da FedEx que trouxe da ilha e nunca chegou a abrir. Quando chega à morada encontra a casa vazia então conduz até a uma encruzilhada. Está sozinho e o único som vem de um camião conduzido por uma mulher. Após perguntar-lhe as direções, descobre que essa pessoa mora na casa que acabou de deixar. O filme termina com ele a olhar para esse caminho enquanto sorri e liga o motor.
A obra transmite-nos uma mensagem de persistência. Mostra-nos que com paciência conseguimos fazer coisas que nunca pensámos ser capazes de fazer. O filme chega a ser parado nalguns momentos mas creio que isso chega a ser essencial para nos associarmos à situação da personagem. Isto porque nunca se sabe como será o dia seguinte.

Título original: Cast Away
Realizador: Robert Zemeckis
Elenco: Tom Hanks e Helen Hunt
Ano de estreia: 2000
Género: Aventura/Drama