Neste fim-de-semana, de 23 a 25
de Novembro, a Biblioteca Orlando Ribeiro em Telheiras abriu as portas à sétima
edição do Fórum Fantástico. Este é um evento em expansão que procura dinamizar
o culto da literatura de ficção e o imaginário dos leitores.
O Fórum de este ano teve uma
programação diversificada com workshops de
Escrita Criativa Fantástica e visualizações de curtas-metragens para além das
palestras e debates habituais com escritores do género e aspirantes a sê-lo. Paralelamente
ao evento, estava a decorrer exposição temática e uma loja de livros e jogos
temáticos. Só pude assistir às sessões da tarde de dia 24, que irei partilhar
convosco.
A tarde de sábado foi dedicada ao
lançamento de não uma mas três revistas do género: a Trëma, a Lusitânia e o
Almanaque Steampunk. No caso das duas primeiras, ambas procuram divulgar o
género fantástico em Portugal exclusivamente através da publicação de contos.
Funcionam como um veículo onde qualquer um pode fazer parte da comunidade
enviando uma história que, depois de um processo de selecção, poderá ser
publicada na revista.
Na apresentação da Trëma, de Rogério
Ribeiro, apercebi-me imediatamente da heterogeneidade dos autores; pessoas, de
idades, géneros e percursos diferentes; que habitam nas páginas da edição. Entre
os autores estavam presentes uma rapariga jovem, uma mãe que se aventurava
nessas andanças e ainda um homem nos seus cinquenta anos com ligações à
Engenharia Electrotécnica. Este último contou brevemente a sua história sobre
um homem que surfava pelo espaço, com fundamentos científicos por detrás da
narrativa. Em comum a todos eles estava a paixão pelo fantástico e
defenderam-no orgulhosamente com algum humor à mistura.
Em seguida surgiu a Lusitânia pelo comando de Carlos Silva e da sua equipa. A apresentação desta jovem revista
foi dinâmica, onde os editores procuraram explicar a lacuna de algo do género
em Portugal. Trata-se de uma revista que valoriza histórias assombrosas com
origens na História e locais do nosso país. É, portanto, uma revista que
claramente homenageia a marca nacional acabando por ter, indirectamente, também
uma componente didáctica. Essencialmente procuram-se lobisomens, bruxas,
espíritos e extraterrestres com sangue luso. Os editores demonstraram prazer
pelo projecto e prometeram dar seguimento à revista, afirmando que só o
poderiam fazer com a contribuição de quem estava do outro lado, a quem
apelaram.
Por fim, em palco apresentou-se a
equipa Clockwork Portugal, criadores do Almanaque SteamPunk. Na mesa, a designer Joana Maltez e o seu grupo lançaram
algumas linhas acerca do que é o culto SteamPunk, algo que ainda está a emergir
em Portugal, assim como o evento EuroSteam Con que ocorreu no final de Setembro
no Porto. Resumindo, o steampunk é um
movimento que se baseia nas vestes do período vitoriano e nas máquinas e
engrenagens da revolução industrial do início do século XX. O steampunk transcende o aspecto visual,
uma vez que, segundo a Clockwork Portugal, “é um fenómeno que valoriza a
ligação entre a humanidade, a ciência e a evolução das sociedades”.
Foi precisamente esse interesse
pelo tema que fez com que um grupo de pessoas se juntasse e a criasse a comunidade
Clockwork em Portugal, algo que já existia no Brasil. O EuroSteam Con foi um
evento que surgiu desse mesmo suor e, passado algum tempo, serviu não só para divulgar
o culto mas também para servir como portal para fomentar a ficção literária. Das
mãos da Clockwork surgiu o Almanaque Steampunk, na sua primeira edição, que em
termos de aspecto lembra-nos as revistas de divulgação geral de outros tempos
ou mesmo as clássicas Borda d’Água. Tal como as outras revistas, o Almanaque
está aberto aos textos de qualquer um e procura encher as suas páginas não só
com contos mas também com crónicas, artigos, entrevistas e jogos.
Decorridas as sessões de lançamento,
as pessoas apressaram-se a sair e colocar a conversa em dia para além de
adquirir os primeiros exemplares das obras. Jovens escritores, editores ou
mesmo fãs juntaram-se para trocar ideias e contarem as suas inspirações e
prazeres na escrita. Na verdade, os três grupos das revistas já se conheciam e,
apesar de terem projectos diferentes, não perdem uma oportunidade para debater
os temas de que tanto gostam. Mais do que um evento literário por si só, o
Fórum é um evento onde se desenvolvem amizades e inspirações para as veias
criativas de todos.