A história centra-se em Fyodor
Karamazov, um homem de 50 anos, e nos seus três filhos fruto de dois
casamentos: Dmitri, Ivan e Alexei. A verdadeira acção começa a meio da obra,
quando se descobre que Fyodor é assassinado e as suspeitas recaem por um dos
seus filhos. Em jogo está a herança dele. O próprio Fyodor não sai
"ileso" de culpa por ter ignorado quase por completo a presença deles
ao longo dos anos, que agora regressam à sua vida. A situação torna-se ainda
mais frágil quando entram elementos femininos na equação.
Neste livro, Dostoevski
esforça-se por esmiuçar por completo todas as personagens. A história avança,
com capítulos inteiros dedicados a cada uma das mais marcantes. Há que elogiar
o trabalho psicológico trabalhado nelas pelo autor se bem que, por vezes, o
leitor poderá perder o sentido de quem é quem numa obra tão densa.
A parte mais interessante surge
quando o manto se levanta e encontramo-nos no tribunal onde o condenado é
julgado por todas as frentes. É de sublinhar o trabalho do autor em conseguir
criar argumentos e teias plausíveis tanto contra como em defesa do réu. O
leitor é, de certa maneira, recompensado depois de ter lido tantas páginas ao
serem apresentados pormenores por si já esquecidos.
Doetoevski aproveita a obra para
lançar fortes críticas a temas da actualidade. Entre eles destaco a religião
católica, representada em parte por Alexei, o monge, e a própria relação da
Rússia com a Europa e o resto do mundo, analisada por um dos advogados na
sessão do tribunal. O que é ser russo? O que é ser europeu? O que é ser por si
só? Isto são questões que o autor procura despertar no leitor.
“Densa”, é o adjectivo que
associo a esta obra. "Os Irmãos Karamazov" é um livro grande, talvez
demasiado grande. Apesar de tudo, creio que não funcionaria se não o fosse. O
livro encerra numa lição de moral que todos devíamos seguir nas nossas vidas.
Autor: Fyodor Dostoevski
Ano: 1879
Páginas: 700/800 (varia com a edição)
Editora: Wordsworth Classics (edição inglesa)
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