segunda-feira, 11 de março de 2013

Crítica: Os Irmãos Karamazov


“Os Irmãos Kamarazov” é o último livro escrito por Fyodor Dostoevski antes da sua morte. Por muitos considerado como a sua obra-prima, é um livro denso de 800 páginas onde, se não estivermos atentos, podemos perder-nos entre as várias personagens e as redes que as ligam.
A história centra-se em Fyodor Karamazov, um homem de 50 anos, e nos seus três filhos fruto de dois casamentos: Dmitri, Ivan e Alexei. A verdadeira acção começa a meio da obra, quando se descobre que Fyodor é assassinado e as suspeitas recaem por um dos seus filhos. Em jogo está a herança dele. O próprio Fyodor não sai "ileso" de culpa por ter ignorado quase por completo a presença deles ao longo dos anos, que agora regressam à sua vida. A situação torna-se ainda mais frágil quando entram elementos femininos na equação.
Neste livro, Dostoevski esforça-se por esmiuçar por completo todas as personagens. A história avança, com capítulos inteiros dedicados a cada uma das mais marcantes. Há que elogiar o trabalho psicológico trabalhado nelas pelo autor se bem que, por vezes, o leitor poderá perder o sentido de quem é quem numa obra tão densa.
A parte mais interessante surge quando o manto se levanta e encontramo-nos no tribunal onde o condenado é julgado por todas as frentes. É de sublinhar o trabalho do autor em conseguir criar argumentos e teias plausíveis tanto contra como em defesa do réu. O leitor é, de certa maneira, recompensado depois de ter lido tantas páginas ao serem apresentados pormenores por si já esquecidos.
Doetoevski aproveita a obra para lançar fortes críticas a temas da actualidade. Entre eles destaco a religião católica, representada em parte por Alexei, o monge, e a própria relação da Rússia com a Europa e o resto do mundo, analisada por um dos advogados na sessão do tribunal. O que é ser russo? O que é ser europeu? O que é ser por si só? Isto são questões que o autor procura despertar no leitor.
“Densa”, é o adjectivo que associo a esta obra. "Os Irmãos Karamazov" é um livro grande, talvez demasiado grande. Apesar de tudo, creio que não funcionaria se não o fosse. O livro encerra numa lição de moral que todos devíamos seguir nas nossas vidas.

Autor: Fyodor Dostoevski
Ano: 1879
Páginas: 700/800 (varia com a edição)
Editora: Wordsworth Classics (edição inglesa)

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